Moçambique: Bispos da África Austral preocupados com ataques em Cabo Delgado

D. Inácio Saúre, arcebispo de Nampula, assinala que Igreja incentiva ao acolhimento de refugiados

Cidade do Vaticano, 03 abr 2021 (Ecclesia) – O arcebispo de Nampula (Moçambique), e membro do Comité Permanente da Associação Inter-regional dos Bispos da África Austral (IMBISA), disse que os responsáveis preocupados com os ataques em Cabo Delgado, incentivando ao acolhimento dos deslocados.

“Sem excluir a atenção e a vigilância, também temos de procurar acolhê-los com muito respeito e com muito carinho”, disse D. Inácio Saúre ao portal ‘Vatican News’.

O arcebispo de Nampula explicou que a Igreja tem encorajado as comunidades cristãs e a todas as pessoas de boa vontade a acolher “de bom grado” os deslocados, referindo que há desconfiança que existam infiltrados que são causadores dos ataques armados.

Desde 2017, o conflito na Província de Cabo Delegado, no norte de Moçambique já causou mais de 2500 mortos e mais de 700 mil deslocados, mas D. Inácio Saúre observa que este é um número que deixa de fora muitas pessoas que morrem no mato e muitos desaparecidos.

“Com os deslocados, já se alastra para outras províncias e dioceses, onde também não se exclui a possibilidade que chegue verdadeiramente também a guerra”, referiu arcebispo moçambicano, membro do Comité Permanente da Associação Inter-regional dos Bispos da África Austral, que realizou uma reunião de preparação da próxima assembleia plenária.

Para D. Inácio Saúre, a região da IMBISA deve “estudar seriamente o problema e trabalhar juntos e bem unidos” porque o terrorismo no norte de Moçambique não mostra sinais de abrandar.

O arcebispo realçou também que os agentes de pastoral, particularmente os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, não estão seguros no contexto do terrorismo “porque são pessoas que estão verdadeiramente com o povo”.

“O pessoal eclesiástico não escapa ao perigo do terrorismo, como todo o povo também se encontra em perigo”, alertou, em entrevista ao ‘Vatican News’.

O futuro dos jovens também está presente na reflexão da IMBISA, uma “problemática que preocupa muito”, e no contexto de Moçambique, o arcebispo explica que existem muitas dificuldades, nomeadamente falta de condições para poderem estudar e a falta de emprego.

“Em Moçambique comparativamente ao tempo colonial, agora temos muitas Universidades, mas muitos jovens não têm acesso, porque não têm dinheiro para poderem estudar, e isto deixa muito obscuro o futuro dos jovens, que não se podem preparar para o futuro, jovens que não têm trabalho”, desenvolveu D. Inácio Saúre.

CB/OC

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