Sinodalidade é “estilo de vida” da Igreja

Rui Saraiva, diocese do Porto

“Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão” é o tema que orienta o caminho da Igreja desde 2021 quando o Papa Francisco iniciou o Sínodo que está a decorrer.

Segundo os bispos europeus e tantos sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos reunidos em Assembleia Sinodal Continental da Europa, a sinodalidade “mais do que uma metodologia”, é considerada como “um estilo de vida” da Igreja.

Os delegados desta assembleia europeia, na sua comunicação final, propõem a “adoção generalizada do método sinodal” em “todas as estruturas e procedimentos” da Igreja.

“Queremos que esta Assembleia Continental não permaneça uma experiência isolada, mas que se torne um encontro periódico”, pode-se ler nas recomendações conclusivas da assembleia que decorreu em Praga, República Checa, de 5 a 12 de fevereiro.

Colocam em evidência o facto desta experiência sinodal ter sido vivida pela primeira vez no continente europeu possibilitando ouvir e dialogar: “Ao longo dos dias da Assembleia vivemos uma experiência espiritual que nos levou a experimentar, pela primeira vez, que é possível encontrar-nos, ouvir-nos e dialogar, a partir das nossas diferenças e para além dos tantos obstáculos, muros e barreiras que a nossa história nos coloca no caminho”, lê-se no comunicado.

Foram avançadas pela assembleia sinodal europeia as seguintes prioridades de reflexão, escuta e diálogo para o presente e futuro da Igreja:

– “aprofundar a prática, teologia e hermenêutica da sinodalidade. Temos que redescobrir algo que é antigo e pertence à natureza da Igreja, e é sempre novo. Esta é uma tarefa para nós. Estamos a dar os primeiros passos num caminho que se abre à medida que o percorremos;- encarar o significado de uma Igreja inteiramente ministerial, como horizonte no qual inserir a reflexão sobre carismas e ministérios (ordenados e não ordenados) e sobre as relações entre eles;- explorar formas de exercício sinodal da autoridade, ou seja, do serviço de acompanhamento da comunidade e guarda da unidade;- esclarecer os critérios de discernimento para o processo sinodal e a que nível, do local ao universal, devem ser tomadas as decisões.- tomar decisões concretas e corajosas sobre o papel da mulher na Igreja e sobre o seu maior envolvimento em todos os níveis, inclusive na tomada de decisões;- considerar as tensões em torno da liturgia, para compreender sinodicamente a Eucaristia como fonte de comunhão;- cuidar da formação na sinodalidade de todo o Povo de Deus, com particular atenção ao discernimento dos sinais dos tempos em vista do cumprimento da missão comum;- renovar o sentido vivo da missão, superando a cisão entre fé e cultura para levar novamente o evangelho ao coração das pessoas, encontrando uma linguagem capaz de articular tradição e atualização, mas sobretudo caminhar junto com as pessoas em vez de falar sobre eles ou para eles. O Espírito pede-nos para ouvir o grito dos pobres e da terra na nossa Europa, e em particular, o grito desesperado das vítimas da guerra que pedem uma paz justa”.Com esta inédita assembleia europeia foram dados passos decisivos de comunhão e participação com vista à missão dos cristãos no mundo. Uma Igreja que quer viver “em saída”, anunciando Jesus Cristo, sendo semente de esperança no mundo, mas que está neste momento da sua história em profundo processo de reflexão e transformação interna. Recordemos que no contributo dado pela equipa sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa, na sua síntese para esta assembleia sinodal europeia, é feito um apelo a uma “maior transparência nos processos de decisão” na Igreja, destacando também a “sua comunicação”. Assinala especiais prioridades, tais como, a “atenção permanente aos pobres”, a participação dos jovens e das mulheres na vida da Igreja, a reflexão sobre o ministério ordenado e o objetivo de que as paróquias sejam um lugar de verdadeira “cultura sinodal”.O caminho continua!

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