Lusofonia: Representante de Timor-Leste junto da CPLP recorda papel da Igreja Católica no processo de independência

Laura Soares Abrantes diz que visita de Francisco é «evento histórico»

Foto: Conferência Episcopal Timorense

Díli, 07 set 2024 (Ecclesia) – A representante permanente de Timor-Leste junto da CPLP disse à Agência ECCLESIA que a visita de Francisco, primeira de um Papa desde a independência do país, é um “evento histórico”, destacando a importância da Igreja Católica.

“A visita de sua santidade o Papa Francisco é muito especial, muito importante, para além dos 25 anos de referendo [sobre a independência], em termos da história da religiosidade e da história da resistência” do país, refere Laura Soares Abrantes.

A chegada ao aeroporto internacional de Díli acontece pelas 14h10 (06h10 em Lisboa) da próxima segunda-feira, seguindo-se a cerimónia de boas-vindas no Palácio Presidencial e o tradicional discurso às autoridades políticas e membros do corpo diplomático, às 19h00 de Díli.

A representante de Timor-Leste diz que a população do país, de maioria católica, vai receber o Papa com “grande alegria”, esperando que seja “um momento de bênção e renovação espiritual”.

“Espero que inspire cada um de nós a continuar a construir uma sociedade baseada nos valores da paz, solidariedade e fraternidade”, acrescenta.

Laura Soares Abrantes fala num “evento histórico para o povo timorense”, que desejava “ardentemente” a visita do Papa, 35 anos depois da passagem de João Paulo II por Díli, antes da independência do país.

A responsável evoca a “ação diplomática” do Vaticano, durante a ocupação da Indonésia e na nova fase de desenvolvimento de Timor, sublinhando que a presença de Francisco pode reforçar a “unidade nacional”.

“Espero que seja um momento em que revigoremos a nossa participação na construção da comunidade eclesial e civil, a vivência da nossa fé e na purificação da nossa cultura”, aponta.

Laura Soares Abrantes sublinha que a língua portuguesa e a religião católica são elementos diferenciadores de Timor-Leste, no seu contexto geográfico e cultural.

A representante timorense considera que a viagem pontifícia coloca o país “no mapa do mundo”.

A celebração central da viagem vai decorrer no dia 10 de setembro, em Tasi Tolu, o mesmo local que acolheu o Papa João Paulo II.

A Eucaristia presidida por Francisco conta com orações em português, tétum e outras seis línguas locais.

“Pelo nosso país: para que, vivendo com alegria a fé na nossa cultura, possamos construir uma sociedade baseada na justiça e na fraternidade”, pede uma das orações, divulgadas no Missal da visita apostólica.

Foto: Conferência Episcopal Timorense

Além da Missa, o programa de 10 de setembro inclui uma visita a crianças com deficiência, na Escola ‘Irmãs ALMA’ (Asosiasi Lembaga Misionari Awam, Associação das Sociedades Missionárias Leigas), e um encontro com membros da comunidade católica, na Catedral da Imaculada Conceição.

A 11 de setembro, Francisco encontra-se com jovens timorenses no Centro de Convenções, antes da cerimónia de despedida no aeroporto internacional de Díli, rumo a Singapura.

A viagem mais longa do pontificado, iniciada a 2 de setembro, inclui 44 horas e mais de 32 mil quilómetros de voo, entre Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura, onde a 45ª visita apostólica do Papa se encerra, a 13 de setembro.

O lema da visita a Timor, ‘Que a vossa fé seja a vossa cultura’, é apresentado como “exortação e encorajamento para se viver a fé de harmonia com a cultura, segundo as tradições do povo timorense”.

Timor-Leste, com mais de 95% de católicos na sua população, é um dos únicos países asiáticos onde a Igreja Católica é maioritária, juntamente com as Filipinas.

HM/OC

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