Papua-Nova Guiné: Papa desafia católicos a reforçar presença junto das «periferias»

Francisco destaca dificuldades que afetam população no arquipélago

Porto Moresby, 07 set 2024 (Ecclesia) – O Papa disse hoje na capital da Papua-Nova Guiné que a Igreja Católica tem de reforçar a presença nas “periferias” deste país, levando “proximidade” e “compaixão” aos mais frágeis.

“Estou a pensar nas pessoas que pertencem às camadas mais desfavorecidas das populações urbanas, bem como nas que vivem em zonas mais distantes e abandonadas, onde chega a faltar o necessário”, disse, num encontro com membros do clero, dos institutos religiosos e das comunidades católicas, no Santuário de Maria Auxiliadora.

Francisco aludiu ainda às vítimas de “preconceitos e superstições” no arquipélago, que “são marginalizadas e feridas, moral e fisicamente, chegando por vezes a ter a vida em perigo”.

Situada no sudoeste do Pacífico e a norte da Austrália, a Papua-Nova Guiné é um dos países com o índice de desenvolvimento humano mais baixo do mundo.

O país, membro da Commonwealth, tem de 8,2 milhões de habitantes, 30,6% dos quais católicos, segundo dados do Vaticano; a maioria da população é cristã, sobretudo protestantes.

Francisco disse que a comunidade católica no arquipélago deve ter “a coragem de começar, a beleza de estar e a esperança de crescer”.

“Os missionários chegaram a este país em meados do século XIX e os primeiros passos do seu trabalho não foram fáceis; pelo contrário, algumas tentativas falharam. Mas não desistiram: com grande fé e zelo apostólico continuaram a pregar o Evangelho e a servir os seus irmãos”, recordou.

O Papa foi recebido pelo arcebispo de Porto Moresby, D. John Ribat, primeiro cardeal da história do país, pelo presidente da Conferência Episcopal da Papua-Nova Guiné e das Ilhas Salomão, D. Otto Separy, e por duas crianças em trajes tradicionais.

Francisco ouviu testemunhos de uma religiosa, de um sacerdote, de um catequista e de uma participante no Sínodo, que assumiram as dificuldades do trabalho pastoral no arquipélago, onde os diferentes grupos étnicos falam mais de 800 dialetos.

“Continuemos a evangelizar, com paciência, sem nos deixarmos desencorajar pelas dificuldades e incompreensões, nem quando elas surgem onde menos gostaríamos de as encontrar”, recomendou o Papa.

No final do encontro, depois da bênção, da troca de presentes e de uma fotografia de grupo com os bispos, o Papa fez uma curta no terraço para saudar os fiéis presentes junto ao Santuário.

Milhares de pessoas têm acompanhado a passagem de Francisco pelas ruas da capital da Papua-Nova Guiné.

Esta é a terceira viagem de um Papa ao país da Oceânia, onde São João Paulo II esteve em 1984 e 1995, tendo beatificado Pierre To Rot (1912-1945), mártir, morto durante a ocupação japonesa, na II Guerra Mundial.

A visita prossegue este domingo com a Missa no Estádio “Sir John Guise”, onde se esperam cerca de 20 mil pessoas, antes de nova deslocação de quase mil quilómetros até Vanimo, localidade no norte do país e no interior da selva, com cerca de 10 mil habitantes, para um encontro na Catedral da Santa Cruz e uma reunião privada com missionários, vários dos quais argentinos.

O último dia na Papua-Nova Guiné, na segunda-feira, é marcado pelo encontro com cerca de 20 mil jovens, de novo no Estádio “Sir John Guise”, pelas 09h45 locais (00h45 em Lisboa), antes da cerimónia de despedida no aeroporto internacional e a partida para Díli.

A viagem mais longa do atual pontificado, que começou na Indonésia (3-6 de setembro), passa pela Papua-Nova Guiné (6-9 de setembro), Timor-Leste (9-11 de setembro) e Singapura (11-13 de setembro).

OC

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