«Conversas Além-fronteiras»: Uma presença cristã no Senegal  

Irmã Augusta Vilas Boas, missionária do Espírito Santo, recorda missão numa zona islâmica e muito pobre

Lisboa, 12 out 2020 (Ecclesia) – A irmã Augusta Vilas Boas, Missionária do Espírito Santo, esteve em missão no Senegal e partilhou com a Agência ECCLESIA o impacto da congregação junto daquela comunidade maioritariamente islâmica, numa zona muito pobre, onde é possível ser uma “presença cristã”.

“A nossa missão passa por ser uma missão de presença, não é anúncio de evangelização explícito mas de ser e estar com o povo, como enfermeira eu trabalhava unicamente com o povo local e o que vem da Mauritânia que vem receber cuidados de saúde no nosso posto e sabem que é um posto católico”, conta. 

A religiosa esteve durante três anos no Senegal, de onde acabou de chegar, e onde sentiu que a relação entre Islão e Igreja Católica era de “bons vizinhos” mas a congregação não deixar esquecer a marca cristã. 

“Não queremos que a nossa presença se dilua com o Islão, queremos fazer a diferença e por isso no posto de saúde deixamos sempre transparecer esta presença cristã, mesmo pelos símbolos cristãos que temos no centro e o povo valoriza bastante devido à dimensão caritativa, de acolhimento e de relação que procuramos que seja a melhor possível”, refere.  

Na zona norte, “muito islamizada” e “muito pobre”, a irmã Augusta partilha que a missão se dividia entre as “obras sociais, posto de saúde, o jardim infantil e escola de formação feminina”.

“Uma zona pobre, até pela seca, com temperaturas muito altas porque estamos muito perto do deserto do Saara, e isto tudo favorece a pobreza; temos uma ação caritativa grande, também assistência aos pobres, atendimento gratuito, acolhimento de crianças de forma gratuita no jardim infantil e sabem que estamos lá para eles”, assume. 

Na sua maioria o povo é islâmico e, segundo a entrevistada, a “comunidade cristã é bastante pequena”, cerca de duas mil pessoas que na sua maioria não são dali”. 

“Islão é 99% e essa realidade é um grande desafio à nossa missão; o primeiro impacto foi de observação, conhecer culturas e costumes e até a religião islâmica para poderem viver juntos e em conjunto, como irmãos”, destaca.

A irmã Augusta Vilas Boas sente ainda que teve de ter um esforço por serem “estrangeiros” e de identidade cristã mas considera o povo “aberto e que respeita a presença”. 

A língua foi uma das barreiras que a religiosa encontrou quando chegou ao Senegal, teve de aprender o francês, língua nacional, mas depois “havia muitas línguas locais, que são um desafio”.

A Missionária do Espírito Santo revela que o “carisma é a primeira evangelização”, algo que a cativou quando decidiu entrar na congregação e que “encontrou nestes tempos de missão no Senegal”. 

A religiosa esteve em missão na Guiné e em Moçambique, e só depois três anos no Senegal, mas acredita que a “vocação missionária se pode realizar no dia a dia”.

No mês de outubro missionário, assim designado pela Igreja Católica, a Agência ECCLESIA apresenta as «Conversas Além-fronteiras», que trazem a missão desenvolvida em diferentes pontos do mundo; serão transmitidas e publicadas online, às 17h00, e no programa Ecclesia, na rádio Antena 1, pelas 22h45.

SN

 

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