Bento XVI: A pessoa submersa pela sua missão

Paulo Rocha, Agência Ecclesia

Não são precisas muitas palavras para descrever o professor, o padre ou o cardeal Raztinger nem para fixar na História o pontificado do Papa Bento XVI: basta ler, revisitar as suas palavras.

Sempre que a imagem de Ratzinger/Bento XVI passava por  debates de circunstância ou por manchetes de jornais – a grande maioria das vezes para o depreciar – instintivamente surgia-me uma pergunta: como é possível considerar a pessoa, o homem, a personalidade que está para lá daquele que é titulado por ter sido o “árbitro” da Doutrina e da Fé na Igreja Católica durante quase 25 anos, que era chamado a decidir, a dizer sim ou não e nunca ‘nim’, a identificar o preto e o branco sem zonas cinzentas? Só a morte o está a permitir, verificamos agora… Só pelas homenagens que são feitas à pessoa e não ao que dela se diz por perceção dos atos que fez ou dos mais, muitos mais, que lhes são atribuídos…

Em 1981, o Papa João Paulo II pediu ao cardeal Ratzinger, nomeado bispo e feito cardeal pelo Papa Paulo VI, em 1977, para ser prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé: uma missão que submergiu completamente a pessoa, o tímido, o próximo, o culto, o professor, o músico, o sacerdote… Quem o conheceu, quem foi seu aluno, por exemplo, teve essa possibilidade. Agora, após a sua morte, todos podemos conhecer melhor a pessoa, o tímido, o próximo, o culto, o professor, o músico, o sacerdote…

Neste momento, que possa emergir a pessoa do cardeal Ratzinger, do Papa Bento XVI, as suas convicções e emoções, tudo o que permaneceu submerso pela missão que desempenhou. É essa a forma de descobrir o legado que deixa na História, nomeadamente na História da Igreja, e a melhor forma de o homenagear.

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