Jornada Mundial da Juventude: desafios e perspetivas pessoais.

João Pedro Ferreira, SDPJV / COD Bragança-Miranda

“Alegrei-me quando me disseram: «Vamos à casa do Senhor!»”, assim inicia o Salmo 122 (121), ilustração plena da alegria que sinto ao pensar nesta graça. E que grande graça esta de receber a Jornada Mundial da Juventude em Portugal!

Recordo a JMJ Panamá 2019, que fui seguindo pelas redes sociais, e com esta recordação os muitos pensamentos e perguntas que fiz a mim próprio nesses dias. “Quanto gostava de participar na JMJ e ainda não consegui”, “Será que a próxima JMJ será na Europa?”, … muitos foram os pensamentos e as perguntas, mas o desejo e um certo feeling era maior, muito maior. E se a JMJ fosse em Portugal? Vários meios de comunicação social colocavam Portugal como forte possibilidade para a receber. Eu pessoalmente, fazia de conta que não acreditava. “Em 2011 foi em Madrid, foi muito perto”, “2016 foi em Cracóvia, não deve ser na Europa”, mas intimamente desejava tanto que passei esses dias algo “elétrico”. Por fim o anúncio e uma alegria imensa, Lisboa ia receber a JMJ, inicialmente com data marcada para 2022.

A dimensão da JMJ sempre me fascinou; um espaço de evangelização, onde milhões de jovens de todo o mundo manifestam a sua Fé, sem medos nem receios. É uma grande festa que proporciona aos jovens o encontro com o Papa e com toda Igreja. Tudo isto e muito mais em torno deste acontecimento interpelava-me, desejava tanto que agora irei agarrar a oportunidade de a viver intensamente.

Tal acontecimento necessitará de uma preparação logística e programática tão significativa quanto a hospitalidade que este povo lusitano sabe proporcionar. No entanto a preparação maior que a JMJ requer é uma preparação interior; espiritual; um caminho como Igreja; que terá de envolver a todos: jovens e menos jovens. É aqui que reside o desafio, um dos grandes, sendo este uma oportunidade única que nos foi oferecida para caminharmos sempre e cada vez mais como Igreja de Cristo. Somos então desafiados: grupos de jovens; paróquias; secretariados; … toda a Igreja Local, a fazer mais e melhor, a caminhar mais e com todos. É um desafio árduo, não tenhamos ilusões, é o caminho para a comunhão. Uma verdadeira oportunidade de internamente, juntarmos esforços para que o resultado seja maior que a soma individual das partes. Esta força sinérgica é a verdadeira conquista para a renovação das nossas estruturas de evangelização. Assim, poderemos “escancarar” com verdade as portas da Igreja para receber todos aqueles que a procuram, de todas as realidades, e sair para as periferias em busca daqueles que nunca ouviram falar de Jesus.

Ser jovem é ser peregrino por natureza! Não é por acaso que a própria JMJ é uma peregrinação. Como jovens peregrinamos na vida, caminhando e crescendo fazemos parte da sociedade. Os jovens de hoje não se desresponsabilizam desta, mas e a Igreja onde fica nas suas vidas?

É verdade que a nossa geração parece não atribuir significativa importância à religiosidade. Não obstante colocamos no centro das nossas preocupações as causas sociais (violência, discriminação, fome, …), a justiça, o cuidado da casa comum. Sempre que o fazemos acredito que estamos a tocar as próprias chagas de Jesus, que permanecem tão vivas e dolorosas nesta Terra. Em qualquer caminho, o ritmo é tão variável que os passos são, por vezes, rápidos e seguros. Mas, não raras vezes, desaceleramos e duvidamos. Diria que o que importa é não parar, continuar sempre a caminho! Mesmo que com medos e receios, não podemos ceder ao comodismo de nada fazer pelo outro e ficar a ver toda esta graça passar.

Pessoalmente, ante tão grande acontecimento a alegria é imensa. Tão grande quanto a responsabilidade que a Igreja nos depositou, a nós jovens portugueses, de receber peregrinos de todo o Mundo. A responsabilidade é tamanha que continuo com Salmo 122 (121) “Os nossos passos já se detêm junto das tuas portas, Jerusalém!”. Pois é um verdadeiro sentimento de zelo e espanto o que sinto nesta tão grande jornada que começamos a percorrer. Perspetivo tempos exigentes entre a preparação pessoal e organizativa da JMJ e a conciliação com o emprego, o doutoramento e a vida social (que agora estamos impedidos de ter). Mas creio que tempos exigentes são verdadeiras oportunidades de mudança e progressão. Com a ajuda de Deus recordarei o caminho que será realizado nestes dias. Com certeza que a minha vida não será a mesma, nem eu tão pouco após a JMJ. Caminhemos…

João Pedro Ferreira, Médico Veterinário, SDPJV / COD Bragança-Miranda

 

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Agência ECCLESIA

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