49 anos de alegrias e tristezas

José Luís Nunes Martins

Hoje, 14 de março, faço anos! A vida não pára, a tristeza não a abranda nem a alegria a acelera. Todos os dias envelhecemos à mesma velocidade, mas uma vez por ano celebramos o nosso caminho. Festejamos os anos e isso é bom, mas um ano é um tempo onde cabe um infinito.

A existência de cada um de nós é uma longa história, cheia de altos e baixos, mas sempre em movimento em direção ao amanhã. Como se estivéssemos lançados… neste intervalo entre a nossa chegada a este mundo e a nossa partida daqui.

Nestes 49 anos cresci sempre, mesmo quando apenas senti que os dias eram o jardim em que as angústias escavavam cavernas no meu coração, quando, sem vontade, apenas sobrevivi, mas também cresci quando deixei, tantas vezes, que a alegria me surpreendesse, que a poesia dos meus gestos colorisse o que estava à minha volta e que a minha vontade de ser feliz me fizesse sorrir, apesar de tudo.

Sempre que me abracei à esperança fui capaz de chegar mais longe.

A vida é um dom. É mais do que justo agradecê-lo. É mais do que justo pedir perdão por tantas vezes em que não fizemos o que estava ao nosso alcance. É mais do que justo que peçamos que nos ajudem mais, porque por mais fortes e talentosos que sejamos, nada fazemos sem os outros.

A felicidade consiste em amar. Em dar-se, cuidando dos outros, descentrando-se de si. Não há egoístas felizes, mesmo que nos tentem enganar com as suas grandezas e brilhos.

Um egoísta com sucesso viverá sempre sozinho.

Hoje é tempo de olhar para trás e admirar. Ver bem o caminho que percorri, perceber o quanto andei, os vales e montanhas que ultrapassei. Perceber os fogos que me aqueceram nas noites mais frias, as luzes que me iluminaram as minhas trevas, as chamas que queimaram o mal em mim… e confiar mais, renovar a minha esperança e agradecer por cada passo.

Quantos não chegam a viver 49 anos? Por que razão me queixo eu quando me acho demasiado velho? É a esperança que abraço para mim e aquela que sou para os outros que me faz ser novo, a cada dia. Porque eu sou mesmo capaz de criar bondade no mundo, fazendo dele um espaço e um tempo melhor para todos.

Neste momento, há uma pandemia que ataca a nossa paz e ameaça a nossa esperança. É essencial que encontremos em nós armas contra o medo, o desespero, a angústia que nos infetam o espírito…

Não é bom passar o tempo a avaliar o que se vive. Em vez de julgarmos tudo à nossa volta, aceitemo-lo. Reparando na quantidade de coisas boas que são possíveis.

Uns dias fechados em casa pode bem ser tempo para viveres a família! Não é disso que tanta gente se queixa de não conseguir durante uma vida inteira? Escuta os outros, vais descobrir coisas importantes que não sabes! Que a tua simples presença seja um presente na vida dos outros! A alegria e a paz também são muito contagiosas.

Alimenta a tua fé e não deixes que passe um só dia sem amares através das tuas obras. Ainda que isso te entristeça. Fixa os olhos do teu coração na promessa da alegria que existe no mais íntimo de ti.

Esta vida finita faz parte de outra sem fim. É o amor de que formos capazes que nos leva até lá.

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Agência ECCLESIA

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