Veneza: Papa inicia viagem em prisão feminina, defendendo «dignidade» de todas as pessoas

Francisco pede que tempo de reclusão promova «crescimento humano, espiritual, cultural e profissional»

Veneza, Itália, 28 abr 2024 (Ecclesia) – O Papa iniciou hoje a sua primeira viagem a Veneza com um encontro na prisão feminina de Giudecca, onde está instalado o Pavilhão da Santa Sé na Bienal de Arte, sublinhando a “dignidade” de todas as pessoas.

“Ninguém tira a dignidade de uma pessoa, ninguém”, assinalou, no pátio da instituição, onde se encontrou com as reclusas.

Francisco destacou que a prisão pode “marcar o início de algo novo”, através da descoberta da “beleza”, como acontece com a instalação para a Bienal, tornando-se “um estaleiro de reconstrução, no qual se olha e avalia corajosamente a própria vida”.

“Para isso, é fundamental que o sistema prisional também ofereça aos reclusos e às reclusas ferramentas e espaços de crescimento humano, espiritual, cultural e profissional, criando as condições para a sua reintegração saudável. Não isolar a dignidade, por favor, mas dar novas possibilidades”, apelou.

O Papa admitiu que a prisão é uma “realidade dura”, denunciando problemas como “a sobrelotação, a falta de instalações e de recursos, os incidentes de violência”.

Mas também pode tornar-se um lugar de renascimento, tanto moral como material, onde a dignidade das mulheres e dos homens não é colocada na solitária, mas promovida através do respeito mútuo e do desenvolvimento de talentos e capacidades”

Foto: Vatican Media

Francisco foi recebido no local pelo patriarca de Veneza, D. Francesco Moraglia, pelo ministro da Justiça da Itália, Carlo Nordio, e pelos responsáveis do estabelecimento prisional.

O encontro com as reclusas contou ainda com participação de pessoal administrativo, agentes da polícia penitenciária e alguns voluntários.

“Somos todos irmãos, todos, e ninguém pode renegar o outro”, sublinhou o Papa, destacando que as reclusas têm “um lugar especial” no seu coração.

“Obrigado”, responderam as participantes no encontro, que aplaudiram a intervenção.

Francisco disse que, mais do que uma “visita oficial”, este é um encontro em que todos se ofereciam reciprocamente “tempo, oração, proximidade e afeto fraterno”.

“É o Senhor que nos quer juntos neste momento, tendo chegado por caminhos diferentes, alguns muito dolorosos, também por causa de erros pelos quais, de várias maneiras, cada um carrega feridas e cicatrizes. Cada pessoa carrega as suas próprias cicatrizes”, assinalou.

A intervenção sustentou que todas as pessoas têm “algo de único para dar e para receber”.

Não esqueçamos que todos temos erros a perdoar e feridas a curar, também eu, e que todos podemos tornar-nos curados que trazem a cura, perdoados que trazem o perdão, renascidos que trazem o renascimento. Queridas amigas, queridos amigos, renovemos hoje, tu e eu, juntos, a nossa confiança no futuro”, apelou.

O Papa cumprimentou os participantes e recebeu alguns presentes elaborados pelas próprias reclusas, antes de se despedir.

“Muito obrigado, vou lembrar-me de vocês. Coragem e em frente”, concluiu.

Francisco visita hoje a cidade italiana de Veneza, num programa de seis horas que inclui encontros com reclusas, jovens e artistas que foram convidados pela Santa Sé para a 60ª Exposição Internacional de Arte da Bienal.

OC

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