União Europeia: Delegado nacional na COMECE faz balanço «globalmente positivo» da presidência portuguesa

D. Nuno Brás considera que o último semestre «encaminhou bem» um conjunto importante de dossiês

Foto: Agência Ecclesia/MC; D. Nuno Brás

Funchal, Madeira, 02 jul 2021 (Ecclesia) – D. Nuno Brás, delegado da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE), fez um balanço “globalmente positivo” da presidência de turno do Conselho da UE, considerando que Portugal “encaminhou bem” diversos dossiês.

“O balanço é globalmente positivo, houve de facto alguns dossiês importantes e interessantes que avançaram, dentro do que são as presidências dos vários países”, referiu hoje à Agência ECCLESIA.

O bispo do Funchal destacou a realização da Cimeira Social, no Porto, na qual surgiu “uma declaração de boas intenções que necessitam de ser passadas à prática”, e congregou vários intervenientes com os diferentes países.

O responsável católico salientou que “houve algum avanço” no campo das migrações, que “é sempre uma realidade muito difícil”, nos seis meses da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, num continente que “precisa dos migrantes”.

“É muito difícil também compaginar esta necessidade com as agendas dos vários países, com a opinião pública. E, depois, procurar que os célebres valores europeus não se apliquem simplesmente aos europeus mas a todos que procuram a Europa como lugar de trabalho e de vida”, desenvolveu, salientando que continua a “tentativa de procurar” o desenvolvimento dos países de origem.

D. Nuno Brás destacou o “dossiê da ecologia”, sublinhando o conceito de ecologia integral proposto pela Igreja Católica, porque a “perceção e compreensão” deste conceito que “não se fica numa Europa verde ou uma lei do clima”.

Segundo o bispo do Funchal, “houve avanços em termos do ambiente”, mas falta a perceção de que “não há ambiente ecológico se não se respeitar a natureza humana”.

“Neste sentido, o Parlamento Europeu deu um passo atrás com a aprovação do ‘Relatório Matic’, com a relativização da objeção de consciência, que é uma derrota no sentido da ecologia integral”, alertou.

O bispo português lembrou o conflito armado que se vive em Moçambique, na província de Cabo Delgado, e considera que existiram “alguns avanços possíveis”, como a possibilidade de envio de militares para treinarem as Forças Armadas locais, o “que se deve em muito à presidência português”.

No contexto da pandemia de Covid-19 e do processo de vacinação, o delegado português na COMECE entende que inicialmente existiu uma “certa tibieza e desorientação” mas agora há “alguma firmeza” e também foi “muito importante”, neste período, a Conferência sobre o Futuro da Europa.

“Iniciada no mandato da presidência portuguesa, procura congregar os cidadãos e diversas instituições dos países no sentido de projetar o que será o futuro e devemos todos estar atentos às diferentes possibilidades que nos são dadas para contribuir para essa reflexão”, acrescentou.

Para D. Nuno Brás, teria sido possível que estes temas conhecessem um “maior desenvolvimento”, mas a pandemia monopolizou “muitas das atenções”.

O responsável integrou uma delegação ecuménica, com representantes da COMECE e da Conferência Europeia de Igrejas (CEC), recebidos pelo ministro de Estado e Negócios Estrangeiros, em Belém.

“É importante percebermos que o facto cristão é uma realidade que as instituições políticas europeias não podem esquecer. Fomos muito bem recebidos, um diálogo muito cordial e ao mesmo tempo teve este objetivo de chamar a atenção para uma série de dossiês”, lembrou o bispo do Funchal.

‘Tempo de Agir: por uma recuperação justa, verde e digital’ foi o lema da quarta Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, que decorreu entre 1 de janeiro e 30 de junho de 2021.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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