Ucrânia: «Ninguém quer guerra», afirma padre Ivan Hudz

«Rezamos sempre e, a cada dia, agradecemos a Deus termos paz», disse sacerdote que serve comunidade ucraniana em Portugal

Foto: Lusa

Évora, 09 fev 2022 (Ecclesia) – O padre Ivan Hudz, que acompanha a comunidade Greco-Católica Ucraniana na Arquidiocese de Évora e na Diocese de Beja, referiu que numa eventual guerra com a Rússia todos “vão sofrer”.

“Rezamos sempre e, a cada dia, agradecemos a Deus termos paz”, disse hoje à Agência ECCLESIA.

O padre Ivan Hudz assinala que, “longe de casa”, os emigrantes estão “sensíveis” a todas as coisas que se passam, observando que a maioria destas pessoas em Portugal tem família na Ucrânia e se preocupa com um eventual fecho de fronteiras, que im

“Ninguém quer guerra, sabemos que quando começa todos vão sofrer”, afirmou, observando que a situação que se vive na Ucrânia “não é um conflito” porque há armas, “há chantagem”, “todos os dias alguém morre” dos dois lados.

O sacerdote revelou surpresa com a atenção que a situação no país do leste da Europa ganhou este ano e “todo o mundo se levantou a dizer que Putin quer ocupar a Ucrânia e quer atacar”.

Neste contexto, lembrou que a região da Crimeia foi anexada pela Rússia, em 2014, por isso, estão numa “guerra com o regime de Putin há oito anos” e já morreram “cerca de 20 mil pessoas, homens entre os 25 e 65 anos”.

“No início estivemos mais preocupados, fizemos mais divulgação, até juntamos dinheiro para ajudar os soldados na linha de combate, mas, é humano, as pessoas habituam-se a esta maneira, a defender-se, sempre a lutar”, acrescentou o entrevistado que tem a sua família e amigos “a 300 quilómetros da fronteira da Polónia”.

Alertando para as informações e notícias falsas, o padre Ivan Hudz salientou que “a missão de cada ucraniano” é defender a verdade, e, neste momento, precisam desse apoio para “espalhar verdade, não só no campo político, mas também social”.

“Não devemos ter medo de dizer a verdade. Se somos cristãos vamos construir a paz, não vamos apoiar interesses políticos ou económicos”, referiu o sacerdote, que elogiou o Papa que “reza pela paz na Ucrânia”, e promoveu uma jornada de oração a 26 de janeiro, lamentando a falta de iniciativa do Patriarcado de Moscovo (Igreja Ortodoxa).

Esta quarta-feira, na audiência geral pública no Vaticano, Francisco reforçou os seus apelos em favor da paz na Ucrânia, alertando todas as partes envolvidas que “a guerra é uma loucura”.

O padre Ivan Hudz destacou que as comunidades ucranianas têm “sempre apoio” do arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, “um homem muito disponível”.

“Ele aparece para dar apoio espiritual, moral, e dizer que admira o povo que sofreu e a Igreja Católica de Rito Bizantino Oriental que sofreu perseguição no tempo da União Soviética, mas conseguiram salvaguardar a fé e são povo forte”, acrescentou.

O sacerdote lembra o próximo tempo litúrgico da Quaresma, que este ano começa a 2 de março, no qual vai pedir às comunidades ucranianas e às paróquias latinas para oferecerem “o sofrimento e dor nas mãos do Senhor, na cruz, que dá paz, que o Espírito Santo ilumine” e todos sejam “irmãos nesta vida que é tão curta”.

O padre Ivan Hudz salientou também o apoio do Governo e dos eurodeputados de Portugal à Ucrânia.

“Só posso dizer ao povo e aos políticos portugueses ‘bem-haja’. Estão na outra ponta da Europa, mas estão preocupados”, conclui.

CB/OC

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