UCP/Porto: «Enquanto houver uma pessoa descartada não poderá haver a festa da fraternidade universal» – professor António Oliveira

Jornadas de Teologia refletiram sobre a Fraternidade no contexto escolar

Foto: Lusa/EPA

Porto, 09 fev 2022 (Ecclesia) – António Oliveira, professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC)  no Agrupamento de Escolas de Pedrouços, disse hoje nas Jornadas de Teologia 2022 que, no âmbito do abandono escolar, “enquanto houver uma pessoa descartada, não poderá haver a festa da fraternidade universal”.

“O meu trabalho de doutoramento que fiz tinha a finalidade de perceber o que acontece com alunos que estão na escola mas já em abandono escolar, desengajados da escola, sem acompanhamento da sua realidade e enquanto houver uma pessoa descartada não poderá haver a festa da fraternidade universal”, defendeu, na sua intervenção intitulada “É possível inverter o processo de desengajamento escolar dos alunos em abandono oculto”.

O docente traçou a realidade do abandono precoce da educação, desengajamento escolar e do abandono escolar oculto e as “formas como se torna possível inverter este processo”, no caminho de amizade social, do “conhecimento da comunidade com respostas educativas para diferentes realidades” e a valorização do ser humano.

“O desengajamento escolar é quando um aluno se vai desvinculando da escola como se fosse deixando de estar conetado com a realidade escolar, que pode depois levar ao abandono escolar oculto, processo complexo que se torna um facto, onde muitos alunos já teriam abandonado se não houvesse o ensino obrigatório”, apontou.

Por seu lado, Francisco Guimarães, professor da Faculdade de Teologia,  apresentou a disciplina de EMRC como “espaço concreto e definido” para acompanhar o aluno.

“A missão da escola é fornecer informações para que cada um possa decidir os seus valores, a disciplina de EMRC pode ajudar através de histórias, fábulas, testemunhos e depois parábolas, algo de concreto”, indicou.

Segundo o docente a disciplina “tem ferramentas muito boas” mas deve evitar a “doutrinação e derivações catequético pastorais”.

Na sua intervenção “Fraternidade e Amizade Social: qual o contributo educativo de EMRC?”, Francisco Guimarães apontou a encíclica “Fratelli Tutti” como um “recurso valioso” na disciplina.

EMRC é conhecimento e informação que deve empoderar, capacitar e formar o aluno para que seja alguém feliz, como oportunidade a disciplina está na escola ao serviço do homem e dos homens”.

Já o professor Carlos Moreira, do Departamento de Ensino Religioso da Diocese do Porto, fez uma intervenção intitulada “O limite das fronteiras: a educação de “sócios” ou de “próximos”? Uma leitura do PASEO”, abordando a dificuldade de explicar fraternidade.

“O conceito de fraternidade bebe da reflexão da Teologia e será muito difícil explicar numa época fortemente individualista, de sucesso imediato, justificar a sustentabilidade de palavras grandes, como esta; é um desafio para a linguagem teológica e pastoral da Igreja explicar a grande narrativa sobre fraternidade”, salientou.

Na perspetiva do docente, há necessidade de “capacitar os alunos para o bem moral e solidariedade”, com responsabilidade das famílias, educadores e escolas.

Entendo que a Fratelli Tutti  é um pretexto para recurso, porque ali fala-se de tudo, é um programa de cidadania e desenvolvimento, com todos os referenciais, segue uma gramática humanizada e humanizadora”.

“O Reconhecimento da Fraternidade. Fundamentos, Hermenêuticas e Desafios da Fratelli Tutti”, é o tema das Jornadas de Teologia 2022 que o núcleo do Porto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, em colaboração com as Dioceses do Porto, Vila Real e Coimbra e a Irmandade dos Clérigos, está a organizar, entre os dias 7 e 10 de fevereiro de 2022.

SN

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