Taizé: Nova fraternidade nasce em Cuba esta semana

Comunidade responde ao apelo dos jovens numa fase de mudanças no país

António Marujo, jornalista do religionline.blogspot.pt emserviço especial para a Agência ECCLESIA (o autor escreve segundo a anterior norma ortográfica)

Taizé, França, 09 set 2015 (Ecclesia) – A comunidade de Taizé vai estabelecer esta semana, uma nova fraternidade em Cuba, poucos dias antes de o Papa Francisco visitar a ilha.

O irmão Mikel, de Taizé, de origem basca, parte esta quinta-feira para a cidade de Matanças (cerca de 100 quilómetros a leste da capital, Havana).

Na próxima semana, juntar-se-á a ele o irmão Ghislain, belga, que foi o primeiro católico a integrar a comunidade, no final da década de 1960.

Algumas semanas depois, a fraternidade ficará completa com o irmão Andrés, indonésio.

“Talvez por causa dos aniversários deste ano, o irmão Alois [actual prior da comunidade] pensou que era importante viver um novo acto de solidariedade”, disse à agência ECCLESIA o irmão Ghislain, antecipando a sua ida para Cuba.

O próprio irmão Alois recordou a sua passagem por Cuba no ano passado, acompanhado por irmãos da comunidade: “Os jovens disseram-nos: estamos tão isolados, venham viver connosco. E esta é uma das intuições do irmão Roger, de simplesmente ir partilhar a vida das pessoas nos diferentes continentes”.

A comunidade ecuménica de Taizé celebrou este ano, com várias iniciativas, os 100 anos do nascimento do irmão Roger (12 de Maio), os 75 anos da sua chegada a Taizé (20 de Agosto), uma aldeia da Borgonha (França), e os dez anos da sua morte (16 de Agosto).

Em Agosto, na semana de 9 a 16, decorreu em Taizé um Encontro Por Uma Nova Solidariedade.

A última das realizações foi um colóquio sobre o contributo do irmão Roger para o pensamento teológico, que contou com a participação de teólogos, filósofos e outros investigadores de diferentes origens – católicos, ortodoxos, protestantes e anglicanos.

“Num momento em que há tanto a fazer, trata-se de viver o acolhimento, ousar ainda partilhar e viver a comunhão com um povo que está a experimentar a mudança”, acrescenta o irmão Ghislain, sobre a ida para Cuba.

No início, os irmãos de Taizé irão viver em Matanças “um tempo de escuta”, para compreender o que podem “viver em conjunto com a Igreja e o povo cubanos”, diz ainda.

Durante o Verão, em Taizé, explica o irmão Ghislain, a pergunta central foi: “O que é o essencial da nossa vocação? O nome de irmão não é um título, é uma vocação. E nesta nova etapa estamos chamados, mais do que nunca, a ser irmãos”.

O convite para que Taizé estabelecesse uma pequena fraternidade em Matanças partiu do bispo católico local, D. Manuel Hilario de Cespedes.

A diocese, criada em 1912, tem cerca de 600 mil habitantes, mas apenas duas dezenas de padres e seis dezenas de religiosas.

Na cidade, a pequena fraternidade de Taizé contará também com o acolhimento do Seminário Evangélico de Teologia.

Kenny Rivera, aluno deste seminário, dizia em Agosto, em Taizé, que nas circunstâncias que a ilha atravessa, a solidariedade “brota espontaneamente entre amigos, vizinhos e também entre diferentes igrejas”.

Kenny acrescentava, em declarações à ECCLESIA, que o facto de estudar teologia tem a ver também com esta realidade: “É poder ter a capacidade de acompanhar, escutar as pessoas nas suas necessidades”.

O irmão Ghislain, que ficará na ilha apenas durante os primeiros meses, diz que é necessário ligar solidariedade e busca da unidade entre cristãos: “Trata-se de renovar o nosso compromisso, para que a unidade não seja apenas a unidade da Igreja, mas a de toda a família humana”.

A comunidade de Taizé tem pequenas fraternidades de irmãos no Brasil (Alagoinhas), Senegal (Dacar), Quénia (Nairobi), Coreia do Sul (Seul) e Bangladesh (Dacca).

Nesses lugares, os irmãos partilham a sua vida com situações tão diversas como a de crianças de rua, presos, deficientes, pobres ou pessoas em fim de vida.

AM/OC

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