Solidariedade: Comunidade Vida e Paz está a ficar «esgotada» porque Estado suspendeu pagamentos, diz presidente

Instituição «corre o risco de a breve prazo» deixar de pagar aos colaboradores, afirma Jorge Santos

Lisboa, 18 nov 2011 (Ecclesia) – O presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP) afirmou hoje que o futuro da instituição está em perigo porque o Estado suspendeu a remuneração dos montantes respeitantes aos cuidados prestados na recuperação e inserção social dos toxicodependentes.

A Comunidade “está a ficar esgotada” e “corre o risco de a breve prazo” deixar de pagar aos seus colaboradores, disse hoje Jorge Santos à Agência ECCLESIA, sublinhando que haverá uma “rutura a curto prazo” se o Governo continuar a desrespeitar as “convenções celebradas”.

“Temos 32 utentes nas nossas comunidades e não recebemos do Estado nem um cêntimo para eles”, vincou o responsável, que pede ao Governo a emissão dos Termos de Responsabilidade, documento que assegura o pagamento da desabituação.

Jorge Santos não quantifica as verbas devidas à Comunidade mas diz que são “significativas” e colocam a instituição no “dilema” de admitir ou recusar toxicodependentes: “Os cortes que estamos a sentir por parte do Estado estão a limitar fortemente a nossa atividade, designadamente nas comunidades terapêuticas”.

“Estamos a fazer o que pertence ao Estado. E eu creio que fazemos melhor e mais barato”, vinca o presidente, que atribui parte das causas da falta de financiamento à extinção do Instituto da Droga e da Toxicodependência, no âmbito da reforma da setor público decidida pelo Executivo de Passos Coelho.

O responsável refere que a crise económica está a aumentar os pedidos de ajuda: “Embora os 600 voluntários que fazem as voltas da noite não tenham percecionado mais sem-abrigo, têm chegado à nossa sede mais pedidos de ajuda de famílias carenciadas ”.

As 56 equipas de voluntários que diariamente fazem quatro circuitos noturnos têm notado o aumento da “pobreza envergonhada”: “Há pessoas que não são sem-abrigo mas têm imensas carências e ficam a meia distância” das carrinhas de apoio e dos voluntários, refere.

A Comunidade Vida e Paz, nascida em 1989 e tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos que tem como objetivo recuperar pessoas sem-abrigo.

A organização católica que, segundo o seu presidente, tem 241 internados e reinseriu na sociedade “mais de 1700 pessoas”, realiza hoje e sábado, em Lisboa, as suas segundas jornadas.

A iniciativa, dedicada ao tema “Voluntariado – 23 anos a criar rumo nas vidas das pessoas sem-abrigo”, foi aberta esta manhã pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.

RJM/OC

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