Benim: Papa regressa a África preocupado com «fuga» dos católicos

Bento XVI justifica escolha do destino com exemplo de paz, democracia e diálogo inter-religioso

Lisboa, 18 nov 2011 (Ecclesia) – Bento XVI manifestou hoje a sua preocupação com o número de católicos africanos que estão a aderir às Igrejas evangélicas ou pentecostais, desejando que os católicos não proponham o cristianismo como um “sistema difícil” e pesado.

“Não devemos imitar estas comunidades [pentecostais], mas interrogar-nos sobre o que podemos fazer para dar nova vitalidade à fé católica”, disse o Papa aos jornalistas, a bordo do avião que o transporta até ao Benim, na África ocidental, para a sua segunda viagem ao continente.

Para Bento XVI, à Igreja Católica compete passar uma “mensagem simples, profunda, compreensível”, não fazendo do cristianismo “um sistema difícil, europeu, que outros não consigam compreender e realizar” e evitando que a instituição seja “demasiado pesada”.

Num universo de quase 9 milhões de habitantes, a religião católica é atualmente a mais representada no Benim, contando com cerca de três milhões de fiéis, 34% da população.

O Papa falou do Benim como “um país de paz” e uma democracia exemplar pela convivência entre as várias religiões “no respeito recíproco e na responsabilidade comum pela paz, pela reconciliação interna e externa”.

“Julgo que esta convivência entre as religiões e o diálogo inter-religioso como fator de paz e de liberdade são um aspeto importante”, declarou.

Neste sentido, Bento XVI apelou a um “encontro entre culturas” em abertura à “fraternidade universal”, tendo como pano de fundo os valores do catolicismo.

No fim dos 15 minutos de perguntas, o Papa falou sobre a homenagem prevista para sábado ao cardeal Bernardin Gantin, falecido a 13 de maio de 2008, prefeito da Congregação para os Bispos na mesma época que o então cardeal Joseph Ratzinger era prefeito da Congregação para Doutrina da fé.

“Sempre admirei a sua inteligência prática e profunda, o seu sentido de discernimento”, recordou Bento XVI, falando do cardeal, natural do Benim, como “um homem de profunda fé e oração”, um “amigo” e “exemplo a seguir”.

Como habitualmente, o Papa endereçou telegramas aos chefes de Estado dos países que sobrevoou – Tunísia, Argélia, Mali, Níger, Burkina-Faso e Gana – deixando saudações pessoas e votos de “paz” e estabilidade”, em particular ao líder tunisino, “prosperidade” e “harmonia social” para estas nações.

A viagem de Bento XVI ao Benim, entre sexta-feira e domingo, inclui passagens por Cotonou, cidade mais populosa do país, e Ajudá (Ouidah), na antiga ‘Costa dos Escravos’ – a 40 km da capital económica – tida como o berço do vudu uma cidade costeira e que acolheu os primeiros missionários católicos, conservando, além disso, a fortaleza portuguesa de São João Baptista.

OC

Notícia atualizada às 15h32

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