Sínodo 2021-2024: «Há muitas coisas que podem ser feitas já amanhã ou muito em breve» – irmã Nathalie Becquart

Subsecretária do Sínodo dos Bispos destaca necessidade de maior participação de todos, nas comunidades católicas, com mais espaço para as mulheres

Foto: Ricardo Perna

Cidade do Vaticano, 04 nov 2023 (Ecclesia) – A irmã Nathalie Becquart, subsecretária do Sínodo dos Bispos, afirmou que já existem espaços para uma maior participação dos leigos, em particular mulheres, na vida das comunidades católicas e há mudanças que podem começar de imediato.

“Há muitas coisas que podem ser feitas já amanhã ou muito em breve, a nível local. Por isso, tudo o que puder ser feito para implementar este estilo de sinodalidade que é necessário para ter esses conselhos [pastorais], para ter formas de envolver cada vez mais leigos, deve ser feito a nível local”, referiu, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A religiosa, primeira mulher a ter tido direito a voto numa assembleia sinodal, destacou o apelo deixado a uma “uma maior participação das mulheres na liderança da Igreja”, fazendo da sinodalidade “uma forma de ser uma Igreja para hoje e para o futuro”.

“Para sermos fiéis à proclamação do Evangelho, temos de ser cada vez mais esta Igreja sinodal, uma Igreja em que todos os batizados são chamados a trabalhar em conjunto como irmãos e irmãs em Cristo e são chamados a ser protagonistas e a servir a missão da Igreja”, sustentou.

Entre os dias 4 e 29 de outubro, decorreu no Vaticano a primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’, que vai continuar, em 2024, por decisão do Papa Francisco.

A irmã Nathalie Becquart recorda o apelo deixado pelos participantes para que todas as paróquias e dioceses tenham um conselho pastoral, alargando âmbitos de consulta e participação.

Para a responsável, a primeira sessão desta assembleia sinodal ofereceu “uma experiência de unidade possível”, face à diversidade dos participantes, destacando a importância do silêncio e da metodologia assumida, de “conversação no Espírito”.

O facto de termos estado todos juntos, durante estas semanas, não lutando uns contra os outros, mas tentando ouvir-nos mutuamente para compreender a perspetiva de alguém que não tem a mesma visão do que nós, é um sinal muito forte”.

A religiosa xaveriana realça a presença do Papa, “um presidente que está a ouvir, na maior parte do tempo”, e diz que a Assembleia Sinodal foi “muito caracterizada pela escuta e também por uma grande liberdade de expressão”.

“Pudemos ver que existem muitas perspetivas diferentes. O que foi muito interessante é que a diversidade de perspetivas não se encontrava entre os bispos, de um lado, e os não-bispos, do outro lado”, acrescenta.

Foto: Ricardo Perna

A subsecretária do Sínodo dos Bispos acrescenta que o Sínodo ficou marcado pelos vários conflitos, no mundo, em particular pela guerra que se iniciou na Terra Santa.

“Vemos que o principal desafio para o mundo de hoje, um mundo dividido por tantos conflitos e violência, é ser um sinal de unidade, construir caminhos de reconciliação e trabalhar pela paz”, indica.

A entrevista à subsecretária do Sínodo dos Bispos integra a próxima emissão do programa ‘70×7’ (RTP2), este domingo, pelas 17h30, dedicado à primeira sessão da assembleia convocada pelo Papa Francisco.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

RP/OC

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