Natal 2012: O livro do Papa

Lisboa, 23 dez 2012 (Ecclesia) – A celebração do Natal deste ano foi antecedida pela publicação do livro final da trilogia de Bento XVI sobre ‘Jesus de Nazaré’, no qual o Papa aborda a representação dos primeiros anos de vida de Cristo nos evangelhos.

“Os dois capítulos da narrativa da infância em Mateus não são uma meditação expressa sob a forma de histórias, antes pelo contrário: Mateus narra-nos verdadeira história, que foi meditada e interpretada teologicamente”, escreve o Papa, no volume intitulado ‘A infância de Jesus’.

A obra sustenta, por isso, a historicidade da representação tradicional do nascimento de Cristo, como a sua localização em Belém, pequena localidade da Cisjordânia.

“Se nos ativermos às fontes, fica claro que Jesus nasceu em Belém e cresceu em Nazaré”, escreve.

A respeito do anúncio do nascimento de Jesus, que é colocado entre os anos 7-6 a.C., o Papa lembra que nos evangelhos não se fala de animais, ao descrever o presépio, mas destaca que a iconografia cristã preencheu esse espaço com figuras que são popularmente ali apresentadas.

“Nenhuma representação do presépio prescindirá do boi e do jumento”, acrescenta.

Sobre o episódio da adoração dos magos, que marca várias tradições da quadra natalícia, Bento XVI começa por elogiar a “inquietação interior” que os fez pôr-se a caminho e classifica estas personagens como “antecessores, precursores, indagadores que desafiam os tempos”.

O livro debate a existência da “estrela” que é referida na Bíblia e, a esse respeito, Papa cita autores bíblicos, teólogos da antiguidade, tábuas cronológicas chinesas, Kepler e outros astrónomos antes de afirmar que “a grande conjunção de Júpiter e Saturno no signo zodiacal de Peixes, nos anos 7-6 a.C. parece ser um facto confirmado”.

Bento XVI afirma que os relatos evangélicos abordam acontecimentos históricos que foram “teologicamente interpretados pela comunidade judaico-cristã” e pelo evangelista Mateus, precisando que essa é também a sua “convicção”.

“Jesus não nasceu nem apareceu publicamente no vago ‘outrora’ do mito. Ele pertence a um tempo datável exatamente e a um ambiente geográfico indicado com clareza”, sustenta.

A virgindade da mãe de Jesus, como a ressurreição de Cristo, é apresentada pelo autor como um “escândalo para o espírito moderno” e, do ponto de vista dos crentes, como “verdadeiro critério da fé”.

Numa secção do livro, intitulada ‘O parto virginal: mito ou verdade histórica?’, Joseph Ratzinger frisa que este dogma da fé católica não é apenas uma reelaboração de antigas lendas gregas ou egípcias.

“A palavra criadora de Deus, sozinha, realiza algo novo. Jesus, nascido de Maria é plenamente homem e plenamente Deus, sem confusão e sem divisão”, precisa.

O livro final da trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ apresenta Cristo como alguém que se opõe aos “poderosos”.

“Às vezes, no curso da história, os poderosos deste mundo colocam-no [reino de Jesus] sob a sua alçada, mas é precisamente então que ele corre perigo: querem ligar o seu poder ao poder de Jesus e, assim, deformam o seu reino, tornando-se uma ameaça para ele”, assinala o Papa.

OC

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