Não deixe que outros decidam por si!

Paulo Ribeiro

Estamos a poucos dias de mais uma eleição legislativa. Todos sabemos o que nos levou aqui, mas resta saber como o país ficará – politicamente falando – depois de 10 de março. Apesar do descontentamento generalizado de todos nós pelo estado a que as coisas chegaram, a resposta do nosso futuro coletivo só pode assentar na democracia. E essa solução passa, única e exclusivamente, pelo voto, afastando populismos estéreis e verdadeiramente inconsequentes e de enorme gravidade, que são possíveis de fazer caminho devido a uma enorme iliteracia cívica.

Mas não é fácil para o cidadão-eleitor escolher, entre os candidatos ou as candidaturas, qual a resposta mais adequada e assertiva para assegurar um futuro melhor para o nosso país. A ‘culpa’ deve-se não só aos atores deste filme, os políticos, como também a ‘nós’, jornalistas, que têm contribuído para um esclarecimento parcial e deficiente das propostas políticas em cima da mesa, bem como para o confronto democrático e necessário das ideias espelhadas nos respetivos programas eleitorais. A metodologia dos debates televisivos com os candidatos, na minha opinião, teve o sentido contrário, resumindo-se a pouco mais de 10 minutos para que cada um respondesse à investida do opositor, com poucas ideias minimamente aprofundadas e deixando de fora inúmeros temas que são tão ou mais importantes para o futuro do país. E, nos dias que se seguiram, incluindo o acompanhamento eleitoral, fica-se infelizmente com a espuma do dia que pouco ou nada esclarece e alimenta os mais que muitos comentadores que teorizam publicamente para os auditórios as suas tendências e agendas particulares. Quanto aos políticos, como legítimos representantes da população nos órgãos do Estado criados pela nossa Constituição, a eles cabe a maior responsabilidade por terem criado esta horizonte pantanoso que deixa sem esperança no futuro muitos portugueses.

Contudo, mesmo assim, nada mais nos resta que procurar a acreditar que é ainda a democracia – uma pessoa, um voto – a melhor resposta para traçarmos e conquistarmos o nosso futuro. É preciso ter e manter viva a esperança que poderão vir dias melhores. Devemos procurar deixar de olhar para a árvore e procurar ver a floresta. Acreditar que é possível que quem se propõe representar-nos pode e deve ter a oportunidade de cumprir o caderno de encargos e o contrato eleitoral que se propõe fazer. É preciso por isso escolher as melhores propostas e responsabilizar politicamente quem as propõe para o seu cumprimento.

E, tal como diz o Papa Francisco, não nos podemos alhear desta fase da nossa vida em sociedade, porque, como sublinha, “trabalhar pelo bem comum é um dever do cristão” e “envolver-se na política é uma obrigação para um cristão”. Não deixemos que outros decidam por nós… ou no dia 11 podemos estar arrependidos por nada ter feito!

Paulo Ribeiro

Presidente da AIC – Associação de Imprensa de Inspiração Cristã

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