Maria, exemplo de vida para o(a)s que servem nas Forças Armadas e de Segurança de Portugal

Padre Diamantino Teixeira, Diocese das Forças Armadas e Segurança

Uma das personagens incontornáveis do novo Testamento, que sempre me fascinou, é sem dúvida Maria, a mãe de Jesus. Desde muito pequeno compreendi, que Ela nos coloca diante de seu Filho, e, tal como naquele dia em Cannãa da Galileia, nos repete: “Fazei tudo o que Ele vos disser.” (Jo.2,5).

Sabemos muito pouco da sua vida (apenas o que os evangelhos referem e algumas alusões nos escritos paulinos), mas esse pouco foi suficiente para que desde muito cedo, os discípulos de Jesus, tivessem consciência da bemaventurada mulher que Deus havia escolhido para encarnar na vida e na história da humanidade. Acreditamos que tudo terá começado no momento em que a mulher de Nazaré responde à proposta do seu Senhor de forma livre mas decisiva, na simplicidade e na humildade: “Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc.1,38). Talvez não tenha compreendido logo todas as coisas, e sobretudo confrontada com as dificuldades da missão, tudo vivia e meditava com o seu coração, empenhando-se em ser mãe, mas mais ainda em ser discípula de seu Filho, ardendo-lhe constantemente por dentro a resposta do anjo Gabriel: “Para Deus… nada é impossível.”(Lc.1,37).

No meio Castrense, chamamos por ela como a Senhora do mar, ou do Ar, do Carmo ou das Vitórias, e muitas outras invocações brotam dos lábios de tantos que a têm como mãe e por ela clamam em diversas línguas. Mas quem é esta aos pés de quem tantos se acolhem?

Entre os aspectos da sua vida, destaco alguns que nos podem ajudar a ser mais e melhores discípulos, melhores homens ou mulheres, melhores militares ou agentes de segurança, melhores pais ou filhos, melhores cidadãos, a não termos medo de amar Maria, pois ela não ofusca a entrega do Filho, antes pelo contrário, aponta para o manancial de onde brota a totalidade desse amor. Por tudo isto e muito mais, sempre foi, é,  e será uma referência para os homens e mulheres que servem nas Forças Armadas e de Segurança.

Maria é uma pessoa aberta à acção de Deus, ela entende que a sua realização e o seu desenvolvimento dependem do que Deus faz, do que Ele inspira, dependem do que move no nosso coração, pelo que, não se pode viver como discípulo, sem abrir o coração de par em par à acção de Deus. Ela é uma mulher com o coração totalmente escancarado ao seu Senhor, disposta a deixar-se conduzir como pequena ovelha às pastagens verdejantes do Seu amor.

Maria é uma pessoa dócil, que desde a anunciação… esse sim dado sem reservas, se mantem fiel, disponível e sintonizada com Deus, pelo que é capaz de encontrar o que Ele quer dela, e assumir as consequências desse sim, perante José e perante a sociedade do seu tempo, e enfrenta com valentia os ataques, o desprezo dos que não tiveram o mesmo discernimento.

Impressiona-me Maria… a serva. Às vezes, quando exageramos, e lhe colocamos coroas e mantos e todas as preciosidades, à maneira das rainhas e princesas deste mundo, esquecemos essa dimensão de servidora. Ela é uma mulher do povo, não se confina em nenhum palácio, não é cortesã, é apenas a menina de Nazaré, esse lugarejo perdido de onde alguns diziam não poder vir coisa boa. Aí, ela trabalha, revela-se verdadeiramente serva, mostra a sua maneira de ser discípula, vemo-lo a citação escolhida como lema da JMJ23: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc.1,39).

Maria é a mulher sensível ao próximo, sobretudo aos mais necessitados. Leiam o Magnificat, não é por acaso que Lucas coloca esse belo cântico de libertação nos lábios da mãe de Jesus, sem dúvida, é uma mulher que defende os mais desfavorecidos, os que não têm, proclama um Deus que está sempre a favor dos necessitados, um Deus que rompe as cadeias da escravidão. Um cântico assim, só pode brotar dos lábios de uma mulher que ajuda firmemente os outros.

Maria é construtora de unidade, conciliadora, como ponte que aproxima as comunidades das diferentes margens da vida, construtora de relações, que sabe que a única maneira de louvar e bendizer a Deus, é ser sinal de comunhão, por isso ela é proclamada a Mãe da Igreja.

Neste tempo, em que é importante reconhecer o valor da mulher, rompendo com velhos e teimosos paradigmas patriarcais e machistas, edificando relações de equidade entre o masculino e o feminino, vale a pena aproximarmo-nos da personagem, da mulher, da discípula de Jesus, a mãe do Filho de Deus. Ela é uma figura muito forte, que muito nos ensina, uma mestra com a qual podemos e devemos aprender. Não entendo como muitos a desprezam, talvez porque a não conheçam… tal como há outros que exageram, e deturpam a imagem de Maria, tentando colocá-la na Trindade como uma espécie de deusa, quando, na verdade, nós apenas adoramos o Pai, o Filho e o Espírito santo, um só Deus e Senhor. Importa por isso, falar de Maria, bem como falar mais das mulheres da Bíblia, figuras muito fortes que no meio de tantas contrariedades são firmes, pessoas valiosas que não podem ser silenciadas, que devemos ter presentes na peregrinação do nosso viver.

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