Igreja/Saúde: Pessoas são mais importantes do que os números, recorda coordenador nacional

Celebração do Dia Mundial do Doente evoca necessidade de humanização

Lisboa, 06 fev 2015 (Ecclesia) – O coordenador nacional da Pastoral da Saúde da Igreja Católica considera “dramático” que os números sejam “mais importantes do que as pessoas” na área da gestão.

“Deixou-se de poder ver os doentes, observar, dar atenção, dar escuta”, assinala o padre José Manuel Pereira de Almeida, também médico, em declarações à Agência ECCLESIA.

A Igreja Católica celebra há 23 anos o Dia Mundial do Doente, a 11 de fevereiro, em 2015 com o tema ‘Sapientia cordis’ [sabedoria do coração], escolhido pelo Papa Francisco.

“Servir os doentes passa por atitudes eminentemente técnicas, àquelas que são fundamentalmente humanas e de proximidade. Servir o outro requer liberdade interior, estar para o outro e não porque ganho alguma coisa com isso”, explica o padre José Manuel Pereira de Almeida.

Francisco dirige-se primeiro aos doentes e “logo a seguir” aos que os acompanham, pontos que “fundamentalmente” servem para todos que podem acompanhar os doentes, desde os profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais – aos cuidadores.

Servir o irmão que está doente, o prestar assistência é o primeiro ponto quando a palavra “servir” caiu em desuso particularmente nas “atitudes” porque em saúde “os serviços continuam a chamar-se serviços”.

“Pode acontecer que em vez de servirmos os outros nos sirvamos da situação ou na pior das hipóteses dos outros. E, entre servir outros ou servir-se dos outros, é a oposição maior”, acrescenta o sacerdote, em entrevista publicada na mais recente edição do Semanário digital ECCLESIA.

O tempo é o segundo ponto da mensagem do Papa, tempo esse que é “fundamental” e “talvez” seja o recurso “mais escasso dos serviços de saúde”, analisa o sacerdote e médico.

“Às vezes, nem sequer podem olhar para os doentes porque estão a olhar para um monitor”, alerta.

Neste contexto, o coordenador da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde sublinha que as pessoas “são mais importantes que os números” e pede que as disciplinas de gestão e economia no curso de Medicina não sejam feitas “à custa da reflexão humanista”.

Para o padre José Manuel Pereira de Almeida, a sabedoria do coração “não se ensina”, mas “aprende-se com os mestres”, seguindo outros que o fazem e a partir das “experiências de particular significado de encontro interpessoal de cada um”.

“Dar atenção, um sorriso, a mão, esperança, ânimo, tudo isto é dar vida ou dar a vida. Só quem arrisca dar a vida é que a ganha no sentido que é viver na perspetiva cristã com Jesus e como Jesus sobre a terra e isto é o caminho da santidade, da vida eterna, aqui e agora”, desenvolveu.

SN/CB/OC

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