Igreja/Política: Adriano Moreira celebra um século de vida

O aniversariante é um confesso admirador do Papa Francisco e considera-se “muito institucionalista”

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 06 Set 2022 (Ecclesia) – O professor Adriano Moreira que celebra, esta terça-feira, 100 anos de vida é um admirador confesso do Papa Francisco e acredita que as instituições “são a única coisa de sobrevivência e de eternidade”.

O aniversariante considera-se “muito institucionalista” e afirma que o Papa Francisco tem protagonizado a denúncia da “intolerável situação de um mundo de desigualdades”, onde persistem sinais de “escravatura” e “soberanias exploratórias”.

Falando na abertura de uma conferência dedicada ao 5.º aniversário do pontificado, em Lisboa, o orador assinalou que o pontífice assumiu “a dor moral e a obrigação de consagrado” de reconhecer a “injustiça na distribuição dos recursos” e a ausência da paz, com “divergências políticas inquietantes” em todos os continentes.

Adriano José Alves Moreira nasceu em Grijó de Vale Benfeito, concelho de Macedo de Cavaleiros (Diocese de Bragança-Miranda) a 06 de setembro de 1922, e mudou-se para Lisboa ao fim de um ano.

Na conferência “Cinco anos com o Papa Francisco” organizada pela Agência ECCLESIA, Rádio Renascença e a Universidade Católica Portuguesa, no dia 12 de março de 2018, Adriano Moreira, que foi ministro e ex-líder do CDS, falou num mundo que enfrenta uma “crise humana e ecológica de dimensões planetárias”, a que se soma a atual crise das migrações.

O orador revelou que, numa carta enviada ao Papa a 02 de fevereiro de 2015, lhe propôs a criação de um “Conselho das religiões”, estruturado com a experiência da ONU e dos encontros inter-religiosos de Assis.

A Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa promove, esta terça-feira, uma homenagem ao homem nascido em Macedo de Cavaleiros que foi preso pela PIDE, foi ministro de Salazar e liderou um dos partidos fundadores da democracia.

“Acho que todo o transmontano se revê na postura que ele sempre teve ao longo da vida”, sublinha Hirondino Isaías, em declarações à Renascença.

“É, provavelmente, é o único português vivo que é respeitado vindo de regimes totalmente distintos”, reforça o presidente da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa.

Um século de vida, entre o Estado Novo e a Democracia, entre a política e a academia.

Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1944, e no começo do exercício da advocacia teve como patrono Jaime Gouveia, irmão de Acácio Gouveia, ambos oposicionistas e junto dos quais conviviam muitos outros oposicionistas.

“Entre os meus maiores amigos de toda a vida esteve sempre o Teófilo Carvalho dos Santos”, recorda numa entrevista de 2008 ao jornal «Expresso»

Na citada entrevista de 2008, é-lhe perguntado que figuras internacionais mais o inspiram. “As minhas admirações vão para Ghandi e Mandela. São os únicos santos laicos da política que conheci. E Churchill, é claro.”

Com 87 anos de idade e experiências em vários quadrantes da sociedade, Adriano Moreira foi galardoado com o Prémio Manuel Antunes. Nessa altura abriu o baú das suas memórias e dialogou com a Agência ECCLESIA sobre os últimos decénios da realidade portuguesa.

As suas reformas para África eram apoiadas por alguns elementos da Igreja, nomeadamente D. Sebastião Soares de Resende, bispo da Beira (Moçambique).

“Segui muito a vida dele, mesmo antes de o conhecer. As homilias dele mereciam ser lidas e mereciam uma meditação. Teve conflitos constantes com o governo e morreu em querela judicial com o governo”.

LFS

 

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