Igreja/Estado: «Respostas sociais? Temos de ter a coragem de ir mais além» – D. José Cordeiro

Bispo de Bragança-Miranda abordou substituição do modelo das cantinas sociais

Bragança, 26 jan 2017 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda espera que a intenção de acabar com o modelo das cantinas sociais, anunciada há dias pela secretária de Estado da Segurança Social, tenha em conta “as reais necessidades das pessoas”.

Em entrevista concedida hoje aos jornalistas, no Seminário de São José, D. José Cordeiro destacou a importância de ponderar bem as decisões, numa altura em que em muitas regiões país, sobretudo as mais remotas como o Nordeste Transmontano, ainda “se vive um periodo muito difícil”.

A intenção da Segurança Social passa por substituir as cantinas sociais integradas no Programa de Emergência Alimentar, e que nunca foram concebidas para serem uma resposta social, pela distribuição de cabazes alimentares aos mais necessitados.

Para D. José Cordeiro, é fundamental conceber medidas que contribuam para “a erradicação da pobreza”, e “não para resolver situações pontuais”.

Quanto a números na diocese transmontana, o responsável católico referiu que em 2016, a Cáritas diocesana realizou cerca de “sete mil atendimentos sociais”.

“Temos de ter a coragem de ir mais além, e para isso é necessária a corresponsabilidade de todos, e nós Igreja, que somos responsáveis por cerca de 70 por cento das respostas sociais na região, mais do que preocupados continuamos ocupados”, salientou, acrescentando que “mais do que estar à espera” que as pessoas necessitadas venham, é preciso “ir ao seu encontro”.

Um dos projetos que está em marcha nesse sentido na diocese é a “formação de dezenas de jovens da Cáritas Diocesana” que estão a ser preparados para apoiar quem passa por dificuldades.

D. José Cordeiro apontou ainda a importância de “cruzar dados” para “não correr o risco de ajudar quem não precisa”.

Ainda no que toca à substituição do modelo das cantinas sociais pela distribuição de cabazes alimentares, o Estado pretende fazê-lo com recurso a fundos comunitários, mais concretamente ao Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas.

Um projeto que a Administração Central estima poder vir a beneficiar cerca de 60 mil pessoas. 

De acordo com as estatísticas do Governo, mais de metade dos utentes das cantinas são homens com menos de 65 anos e cujos rendimentos não ultrapassam os 200 euros.

PR/JCP

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