Igreja/Arte: Maria Amélia Carvalheira é uma inspiração capaz de «colocar Deus no quotidiano», afirma D. Rui Valério

Patriarca de Lisboa benzeu memorial dedicado à escultora de arte religiosa no dia em que foi também apresentada uma fotobiografia da artista

Lisboa, 09 set 2024 (Ecclesia) – A Junta de Freguesia das Avenidas Novas inaugurou este domingo um memorial a Maria Amélia Carvalheira, instalado no largo com o seu nome, da autoria de Carlos Bajouca.

O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério benzeu o memorial, situado junto à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, considerando Maria Amélia Carvalheira e a sua obra uma “inspiração” que revela a capacidade de “colocar Deus no quotidiano”.

“A obra de Maria Amélia Carvalheira é uma inspiração, com a capacidade de colocar Deus ao nosso lado, no contexto da nossa vida, no quotidiano”, afirmou.

D. Rui Valério considera o memorial “uma interpelação” e “um apelo” colocado numa praça, que é “lugar de encontro”, capaz de conjugar a “ligação com Deus” com a necessária da “ligação aos irmãos”.

Foto Agência ECCLESIA/HM

Nascida em 1904, em Gondarém, concelho de Vila Nova de Cerveira, Amélia Carvalheira demonstrou desde muito cedo inclinação para o desenho e a escultura;  após ter frequentado, em Lisboa, o atelier do mestre Barata Feyo, distingue-se na criação de presépios e, mais tarde, na escultura e arte religiosa.

Carlos Bajouca, escultor e autor do memorial inaugurado este domingo, explicou que que apresenta Amélia Carvalheira de joelhos diante de Deus em oração e, do lado esquerdo, a asa do Anjo de Portugal, que a “acompanhou ao longo da vida”.

A instalação do memorial em homenagem a Maria Amélia Carvalheira é da iniciativa de José Cruz, responsável pelo espólio artístico da escultora e da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, cujo presidente valoriza “muito a cultura”.

Foto Agência ECCLESIA/HM

Para Daniel Gonçalves, “a cultura é fundamental” e, por isso, vai “por as estátuas das personalidades que existiram na freguesia” para as dar a conhecer às novas gerações.

Na tarde do último domingo foi também apresentada, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, a fotobiografia de Maria Amélia Carvalheira, uma obra da Paulinas Editora, que contém numerosas ilustrações da sua produção artística, com textos de 35 autores que interpretam algumas das suas peças.

Para Marco Daniel Duarte, diretor do Museu e do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima e autor de um dos textos, Amélia Carvalheira é um “rosto maior” não apenas do que se fez em Fátima, mas também em todo o país onde a sua obra está disseminada.

“Ela torna ainda mais doce a erudição que recebeu do seu mestre e cativa os fiéis que se sentem mais próximos de Deus pelos rostos que contemplam nas suas peças”, refere.

O padre Dário Pedroso, que também assina um dos textos desta fotobiografia, sublinha a dimensão sobrenatural que transparece da obra da artista.

“As peças gritam-nos algo de sobrenatural, de divino. Não é só a arte, há ali algo”, afirma o sacerdote jesuíta.

A escritora Maria Teresa Maia Gonzalez faz neste livro uma aproximação à obra de Amélia Carvalheira através da poesia.

“A sua obra desperta a nossa interioridade, inquieta-nos e transforma-nos. Nós somos sempre transformados pela beleza”, refere a escritora.

D. Manuel Clemente, que apresentou a obra, falou da “estreita ligação” da vida de fé da artista, que é possível perceber nas suas peças.

Para o patriarca emérito de Lisboa, Amélia Carvalheira transpõe para as suas peças o “caminho interior” que possibilita “tocar a simplicidade de Deus”.

São da autoria de Maria Amélia Carvalheira estátuas que se encontram no Santuário de Fátima com destaque para a via-sacra dos Valinhos e o Anjo da Loca do Cabeço, e em várias igrejas, nomeadamente a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, de São João de Deus e São João de Brito, em Lisboa.

HM/PR

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