«Economia de Francisco»: Jovens portugueses partilharam preocupações para dar «nova alma» à vida social e empresarial (c/vídeo)

Vídeo apresentado aos participantes de 120 países explicou percurso feito nos últimos meses

Lisboa, 20 nov 2020 (Ecclesia) – Os jovens portugueses que participam na conferência global ‘A Economia de Francisco’, convocada pelo Papa, apresentaram hoje o percurso de preparação feito, nos últimos meses, para oferecer uma “nova alma” à vida social e empresarial.

A partilha, em formato vídeo, marcou o início de uma “maratona” de 24 horas, que dá voz a jovens participantes de 20 países (Portugal, Reino Unido, Brasil, Argentina, Estados Unidos, Chile, Peru, Colômbia, México, Filipinas, Coreia do Sul, Índia, Sri Lanka, Ucrânia, Croácia, Nigéria, Camarões, Costa do Marfim, Espanha e Itália) para que eles apresentem os seus territórios, culturas, experiências, projetos locais e apelos.

A delegação portuguesa defendeu uma “nova economia e uma nova sociedade mais humana”, assumindo o objetivo de criar uma comunidade para enfrentar as “questões locais”, com outras soluções.

Francisco Rocha, economista, falou do seu trabalho sobre o impacto da “pobreza e alterações climáticas” nos países em desenvolvimento, com a proposta de um ‘Social Green New Deal’ (Uma novo acordo social verde), por uma transição energética que tenha em conta as pessoas mais vulneráveis.

“As políticas para combater as alterações climáticas também podem afetar os mais pobres”, advertiu, na sua intervenção.

O investigado destacou que a Economia de Francisco tem “uma preocupação ambiental e social associada”, que oferece uma “vertente humana” ao seu trabalho.

Marta Bicho, professora e investigadora na área do empreendedorismo social e organizações híbridas, procura entender como é que estas “medem o seu sucesso ou o seu impacto social”.

A participante portuguesa defende que as políticas públicas sejam desenhadas de forma mais benéfica para as organizações sociais.

A investigadora falou ainda de que como é que as organizações sociais tentam “equilibrar a sua missão e o lucro”, para que não se desviem do seu “objetivo social”, focando-se apenas na parte financeira.

Para Marta Bicho, é necessária uma nova economia “com mais vocação, com mais impacto e também sustentável”, saudando sinais de uma maior preocupação das empresas com o seu impacto social.

A especialista considerou que o panorama atual está a “acelerar” esta mudança.

O vídeo dos participantes portugueses apresentou ainda um espaço dedicado ao tema “Agir ao serviço do bem comum”.

Manuel Tovar, cofundador da ‘The Loop Co.’, recordou o impacto da última crise financeira e o posterior surgimento de pequenos negócios e iniciativas de empreendedorismo social e tecnológico, numa “demonstração de vitalidade”.

“A iniciativa privada respondeu de forma criativa”, realçou.

O mentor da plataforma de reutilização de manuais escolares, em Coimbra, aplicou a outras áreas os princípios de economia circular e de partilha, visando superar uma “cultura do descarte” e promover uma “economia mais inclusiva, que receba todos os seus membros de forma sustentável”.

Manuel Tovar convidou a criar “relações mais ricas e produtivas” no seio das empresas, imitando “valores” das relações familiares.

Os 50 jovens empreendedores, empresários, economistas e estudantes, apoiados por três instituições académicas, assumiram a intenção de ser “uma voz ativa para esta nova alma para a economia”, em particular com atenção aos mais frágeis.

A conferência digital, com pessoas de 120 países, termina no sábado, com uma mensagem do Papa Francisco.

A preparação do encontro promovido pelo Papa e a participação de Portugal envolveu as escolas e associações de negócios portuguesas, nomeadamente a ACEGE-Associação Cristã de Empregados e Gestores; as faculdades de economia e gestão da Nova e da Universidade Católica Portuguesa e a AESE Business School; o projeto “Economia de Comunhão”, do Movimento dos Focolares; e a Comissão Nacional Justiça e Paz.

OC

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