D. Óscar Maradiaga: «Esta crise vem de longe»

Presidente da Caritas Internationalis lamenta que Doutrina Social da Igreja seja pouco conhecida O Cardeal Óscar Maradiaga, Presidente da Caritas Internationalis, afirma que foi o colapso económico e financeiro que despoltou a crise mas “esta vem de longe”. A crise surgiu quando “começámos a pensar que o ser humano não tinha limites”, explicou ao programa Ecclesia. Esta é, por isso, uma crise de concepção do homem, mas “analisando as causas” – “falta de ética, especulação financeira”, pode ser ultrapassada com a “criatividade da solidariedade”. As soluções apresentadas pelo cardeal hondurenho devem ser encontradas conjuntamente. “Os responsáveis das nações têm de pensar que não existem apenas 20 nações, mas 186”. Não haverá salvadores, vaticina. “Salvador apenas Jesus Cristo”. Mas com a colaboração de todos, onde se inclui o Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, “que tem uma posição de humildade”, deixando de lado a guerra, a confrontação, “mas com diálogo, podemos conseguir”. “De Obama podemos esperar uma participação na superação da crise, mas é preciso a colaboração de todos”. Também a sociedade civil e o cumprimento do dever de cidadania é essencial para a superação dos problemas. O Cardeal pede uma “maior participação dos cidadãos”, não apenas em actos eleitorais, mas na participação civil. A Igreja é parceira pata a intervenção na história. D. Óscar Maradiaga lamenta que a Doutrina Social não seja mais conhecida. “É muito rica, mas muitas pessoas não a conhecem”. “Esta doutrina não é só para padres e para as comunidade religiosas. Tem de ser partilhada”. Segundo o Cardeal hondurenho, o maior contributo da DSI incide na visão que tem da realidade, em especial, “quando coloca o homem no centro de tudo”. Quando esta centralidade for assumida “a globalização será mais humana”. O mercado económico, indica, é um instrumento para o desenvolvimento e este, “não se limita aos índices financeiros, mas assume o homem na sua totalidade”. O Cardeal Maradiaga, Presidente da Caritas Internationalis, organismo que congrega a acção de 164 instituições, lamenta que a Caritas seja entendida apenas como um actor “em situações de emergência”. “Mas a caridade e o amor são diários. A sua prática é diária”. E estas são condições essenciais para se ser cristão. “Sem esta dimensão é-se um falso cristão”. “Os ritos são importantes mas viver o cristianismo não se esgota na liturgia”. O cardeal propõe antes a “liturgia da vida”. O Cardeal Óscar Maradiaga encerra hoje a sua passagem por Portugal. “Aqui reside o povo que ama Deus e isso é uma grande esperança”, indica, recordando os fortes momentos que viveu em Fátima, na Peregrinação Internacional Aniversária, nos dias 12 e 13 de Maio.

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