Crise não se resolve só no plano económico

Cardeal Óscar Maradiaga e D. Jorge Ortiga inauguram Simpósio «Reinventar a Solidariedade», promovido pela CEP O Cardeal Óscar Maradiaga deixou um apelo optimista aos participantes do Simpósio «Reinventar a Solidariedade (em tempo de crise)», promovido pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que decorre esta Sexta-feira, no centro de Congressos de Lisboa. Na abertura dos trabalhos, o Cardeal hondurenho e Presidente da Caritas Internationalis indicou que o problema da crise que o mundo atravessa “não se resolve com liquidez”. Perante quase um milhar de participantes, D. Óscar criticou a arena global que está a “criar um mundo onde a ganância coloca à margem da história muitas pessoas e está a produzir a exclusão”. “Temos de enfrentar a nova ordem mundial, mais agora do que nunca”, deixando para trás “a tentação do perfeccionismo”, apelou. Perante as críticas de que “o poder corrompe”, o Cardeal apontou que este é antes “um dinamizador de virtudes e defeitos”. “Temos enfrentado momentos difíceis mas nada tão desafiante como a actual situação”, centrou. “Todas as grandes crises económicas são sempre acompanhadas por uma ruptura de principias, de perda de prioridades”. “A economia sofre com esta crise, com uma má definição do ser humano e má concepção da humanidade”. Segundo o Cardeal, a recente cimeira do G20 “pretendeu estudar para lá da retórica, mas apenas algumas insinuações foram no caminho certo”. D. Óscar criticou a ausência do homem no centro da procura de soluções. Antes de qualquer solução há que questionar sobre “o sentido da vida e qual a ideia de humanização”, pois sem responder a estas perguntas “não há resposta adequada para a crise”. As actuais dificuldades económicas e financeiras são uma oportunidade, segundo o Cardeal, para “evitar uma catástrofe”. “Ainda não é demasiado tarde”, indicou, se “soubermos renunciar, se soubermos abandonar o que é supérfluo”. Por seu turno D. Jorge Ortiga, Presidente da CEP indicou a necessidade de se “globalizar a solidariedade”. O Arcebispo de Braga, indicou que este encontro mostra que a Igreja “é capaz de contribuir com uma acção consistente”. “Este encontro mostra uma identificação com o povo português. A solidariedade, a reinventar, deve acompanhar-nos”, disse. Sem discursos religiosos, todo o ser humano deve esperar a ajuda da Igreja, indicou D. Jorge Ortiga. “O cristão sabe quando deve falar de Deus”, tendo presente que “esta é a sua motivação”. “A solidariedade já está em exercício, mas precisa de reinventar fórmulas novas”, acrescentou. Para este responsável, “a raiz da actual situação não é meramente económica”. “A ausência dos valores e a pretensão de viver como se Deus não existisse não podem deixar de ser equacionados para chegar a uma sociedade digna do homem através do exercício da solidariedade iluminada pelo primado da solidariedade”, referiu D. Jorge Ortiga. João Meneses, comissário do simpósio, defendeu por seu lado que a actual crise financeira e económica tem também uma dimensão “política, social, ambiental e moral” que exige a superação de meras leituras “economicistas” e a criação de um “novo modelo de desenvolvimento”. Notícias relacionadas D. Óscar Maradiaga: «Esta crise vem de longe»

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