Papa deixa Jerusalém

Bento XVI pede unidade entre os cristãos e liberdade para os fiéis de todas as religiões, na cidade que judeus, cristãos e muçulmanos consideram santa Bento XVI concluiu esta Sexta-feira a sua passagem por Jerusalém, com uma visita aos locais que a tradição identifica como os da crucifixão e morte de Jesus, o Santo Sepulcro, onde se encontrou com cristãos de várias confissões, a quem estão confiadas diversas capelas e igrejas. Nas suas intervenções, o Papa falou da “vergonha das divisões” entre os que acreditam em Jesus Cristo e pediu “liberdade religiosa” em Jerusalém. “Rezo para que as aspirações dos cristãos de Jerusalém sejam entendidas como estando em sintonia com as aspirações de todos os seus habitantes, qualquer que seja a sua religião”, apontou Bento XVI. O ponto alto do dia foi a visita ao Santo Sepulcro, local onde o corpo de Jesus terá sido colocado após a sua crucifixão. Uma pedra de calcário, com tons rosados, representa para os latinos, o lugar onde, sobre o corpo de Jesus, depois de retirado da cruz, foi espalhada “uma composição de mirra e aloés”, antes de ser colocado no túmulo. Bento XVI prostrou-se junto desta pedra, gesto repetido todos os dias por centenas de fiéis e dirigiu-se em seguida para capela que recorda o lugar em que Jesus terá sido sepultado. Ali permaneceu em oração e falou da divisão deste espaço, confiado actualmente a seis comunidades cristãs diferentes. Para o Papa, este é um “um testemunho mudo da pesada herança do nosso passado, com os seus erros, as suas incompreensões e os seus conflitos”, convidando a “ultrapassar os conflitos e as tensões” que ainda existem entre os cristãos. Bento XVI subiu depois ao Gólgota, lugar onde Jesus terá sido crucificado, onde se recolheu novamente em oração. Num encontro com o patriarca greco-ortodoxo de Jerusalém, Teófilo III, o Papa saiu em defesa do “exercício da liberdade religiosa, a coexistência pacífica e, de modo particular para os jovens, um acesso aberto ao ensino e ao emprego, a possibilidade de encontrar habitação condigna, em particular para as famílias e a oportunidade de beneficiar e contribuir para a estabilidade económica”. Estas exigências são particularmente importantes para a comunidade cristã – cujo estatuto social, político e económico tem sido cada vez mais afectado-, que ao longo das últimas décadas tem emigrado em massa da Terra Santa, colocando mesmo em risco a preservação dos Lugares Santos paras as várias Igrejas. “Como cristãos, sabemos que a paz para esta atormentada terra tem um nome: Jesus Cristo. É Ele a nossa paz”, exclamou. Ecumenismo Congratulando-se com a participação do Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, no Sínodo dos Bispos do ano passado, sobre “a Palavra de Deus na vida e missão da Igreja”, Bento XVI fez votos de que este encontro em Jerusalém venha a “dar um novo impulso à actividade de diálogo teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas”, na sequência dos recentes frutos de documentos de estudo e outras iniciativas. Referindo com agrado os encontros regulares que vêm congregando os líderes religiosos das diversas Comunidades cristãs de Jerusalém, o Papa sublinhou que “o maior serviço que os cristãos de Jerusalém podem oferecer aos seus concidadãos é a educação de uma nova geração de cristãos empenhados e bem formados, solícitos no desejo de contribuir generosamente para a vida cívica e religiosa desta Cidade única e santa”. Bento XVI fez votos de “que, por graça de Deus, a esperança possa renascer sempre nos corações de toda a população que vive nestas terras”. “O Evangelho assegura-nos que Deus pode fazer novas todas as coisas, que a história não tem necessariamente de repetir-se, que as memórias podem cicatrizar, que se podem superar os frutos amargos da recriminação e da hostilidade, e que pode surgir um futuro de justiça, paz, prosperidade e cooperação para cada homem e mulher, para toda a família humana e de modo especial para os povos que vivem nesta terra tão cara ao coração do nosso Salvador”, apontou. O Papa concluiu esta alocução, no final da peregrinação aos Lugares Santos, com “palavras de encorajamento” aos fiéis cristãos: “Rezo para que a Igreja na Terra Santa encontre sempre novas forças na contemplação do túmulo vazio do Salvador”. Bento XVI falou ainda aos bispos, padres, religiosos e religiosas que servem a Igreja na Terra Santa, exortando-os a darem testemunho de “unidade e de paz a todos os que vivem nesta Cidade de Paz”. A estadia do Papa em Jerusalém concluiu-se na catedral de São Tiago, no coração do antigo bairro arménio de Jerusalém, onde saudou o Patriarca Torkom Manoogian, de 90 anos de idade, e evocou a riqueza da historia e da cultura cristã da Igreja arménia apostólica. Bento XVI recordou as boas relações existentes entre as duas Igrejas, referindo –se aos seus encontros no ano passado com o Catholicos e Patriarca Supremo de todos os Arménios, Karekin II, e o Catholicos de Cilicia, Aram I. “Da minha parte, peço-vos que rezeis comigo para que os cristãos da Terra Santa trabalhem juntos com generosidade e zelo anunciando o Evangelho da nossa reconciliação em Cristo, e o advento do seu Reino de santidade, de justiça e de paz”, concluiu.

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