Covid-19: Portugueses da Comunidade Católica de Mainz, na Alemanha, criam novas ocasiões de encontro no ambiente digital (c/vídeo)

Isolamento social levou a novas iniciativas, destaca o responsável da missão, padre Rui Barnabé

Lisboa, 14 abr 2020 (Ecclesia) – O pároco da Comunidade Católica de Língua Portuguesa de Mainz, na Alemanha, apostou nas transmissões das celebrações online para “reunir as pessoas” e experimentar novas formas de oração e de convívio “visitando cada casa”.

“O nosso objetivo é rezar em conjunto e comunicar também entre todos, não é uma transmissão profissional, e no fim de cada transmissão juntamos a possibilidade de todas as pessoas que estão a assistir deixar uma saudação”, explica o padre Rui Barnabé.

Assumindo não ser o “padre mais tecnológico do mundo” o sacerdote foi sentindo a necessidade da proximidade com os emigrantes membros da comunidade e, “apesar da presença na internet, um blog e uma página de facebook”, era preciso mais.

Os padres aqui em Mainz estão convidados a tocar os sinos quando começam a celebrar Missa às horas habituais, esta simbólica está a acontecer na cidade toda, no domingo de Páscoa foi uma sinfonia de sinos, não é da Igreja Católica só mas também de igrejas evangélicas, foi quasee ininterrupto o toque dos sinos na cidade; mas para uma comunidade cristã de emigração a maioria das pessoas não vive no centro da cidade e a simbólica dos sinos não chega”.

As transmissões foram “melhorando com a ajuda de membros da comunidade”, ligados às tecnologias, e no quinto domingo da Quaresma “foi possível a primeira transmissão online” numa plataforma “open source e sem limite de tempo”. 

“As pessoas estão a apreciar, o número das pessoas que entram na plataforma aumentou, mas a minha preocupação não são os números, pois eu como padre já estaria a rezar aquela hora, mas se nos pudermos encontrar e rezar esse é o grande objetivo”, aponta o sacerdote aveirense.

As transmissões online têm a particularidade de um “pequeno convívio” no fim e surgiu uma nova modalidade de oração na própria comunidade, “apesar da limitação esta é uma oportunidade”. 

“Há uma coisa que nunca se fez, uma oração da noite em conjunto, em tempos normais as comunidade está dispersa e encontra-se ao fim-de-semana mas agora conseguimos e as pessoas estão a desejar boa noite umas às outras e saber se estão todos bem”, afirma. 

O padre Rui Barnabé contou ainda à ECCLESIA que o fim da vigília pascal, adaptada à transmissão online, foi feito um “brinde de Páscoa aos amigos e vizinhos”, pessoas que “vivem a 60 e 70 km umas das outras e assim se encontraram desta forma”.

Esta nova realidade traz ainda outros desafios quer nos ambientes de celebração, que o sacerdote prepara, quer na forma mais “silenciosa” em que tem de celebrar. 

Numa das celebrações do Tríduo em que de uma das casas estavam a cantar eu atrapalhei o nosso responsável do coro porque comecei a cantar com ele, esqueci-me que não estávamos juntos e esse sentimento é engraçado, não é uma situação normal mas conseguimo-nos abstrair e com esta maneira parece que a gente se sente mais unidos nas celebrações”.

Nesta comunidade não se sentiu a limitação dos emigrantes não regressarem a Portugal para a festa da Páscoa, “uma vez que vão mais na altura do Natal” mas aconteceu a situação contrária.

“Há famílias que pertenciam a esta comunidade, se reformaram e voltaram a Portugal, e agora teriam de escolher uma celebração online e algumas têm participado connosco porque sentem saudades desta comunidade que deixaram, aqui tenho esta relação aos contrário, que dizem nunca pensarem celebrar a Páscoa online com a comunidade onde estiveram tantos anos”, afirma.

SN

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