Ano A – 10.º Domingo do Tempo Comum

Preferir a misericórdia ao sacrifício

Deus prefere a misericórdia ao sacrifício. Esta expressão evangélica deste 10.º Domingo do Tempo Comum diz-nos que, para Deus, o essencial está na atitude de adesão verdadeira e coerente ao seu chamamento e proposta de salvação, e não em atos externos de culto ou declarações de boas intenções.

Na primeira leitura, o profeta Oseias põe em causa a sinceridade de uma comunidade que procura controlar e manipular Deus, mas não está verdadeiramente interessada em aderir, com um coração sincero e verdadeiro, à aliança.

Na segunda leitura, Paulo indica aos cristãos a fé como a única coisa essencial, apresentando a figura de Abraão como exemplo na sua adesão total, incondicional e plena a Deus e aos seus projetos.

O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre a resposta que devemos dar a Deus que a todos chama sem exceção. O exemplo de Mateus sugere que o decisivo, do ponto de vista de Deus, é a resposta pronta ao seu convite para integrar a comunidade do Reino.

Deus tem um projeto de salvação e de vida plena que oferece de forma gratuita: um dom e não algo que podemos exigir de Deus. Todos são chamados a fazer parte da comunidade do Reino: Deus não exclui nem discrimina ninguém. O que é decisivo não é o cumprimento das leis e das regras (os tais sacrifícios exteriores e vazios), mas a forma como respondemos ao chamamento que Deus nos faz.

Somos livres de ficar numa atitude de autossuficiência, achando que não precisamos do dom de Deus porque cumprimos os mandamentos e Deus não tem outra solução senão salvar-nos; uma atitude que nos exclui da comunidade de salvação. Ou podemos escutar o chamamento de Deus, aderir à sua proposta, tornarmo-nos discípulos e seguir confiadamente Jesus no seu caminho de amor e de entrega; com esta atitude integramos a comunidade do Reino.

Ainda no Evangelho acolhemos dois exemplos concretos desta atitude fundamental. Em primeiro lugar, a história de Mateus que, convidado por Jesus a integrar a comunidade do Reino, considerou tudo como secundário, abandonou os projetos pessoais, que passavam pela aposta nos bens materiais, mesmo se conseguidos com recurso à exploração e à injustiça, e correu atrás de Jesus. Uma resposta pronta, decidida, radical, plena, que deveria ser também a nossa resposta concreta de fé. Em segundo lugar, a imagem do banquete sugere que na comunidade do Reino não há cristãos de primeira e cristãos de segunda, conforme cumprem ou não as leis e as regras. O que há é pessoas a quem Deus chama e que respondem ou não ao seu convite. Nesse sentido, na comunidade cristã não pode haver qualquer tipo de discriminação, exclusão ou marginalização.

Que a nossa adesão a Jesus Cristo passe sempre pela atitude cordial de misericórdia e nunca por meros ritos externos que não brotam do coração onde habita o Coração de Deus.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

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