Amar não é gostar de tudo no outro

José Luís Nunes Martins

Amar é aceitar e respeitar. Mais do que esperar por mudanças ou tentar que elas aconteçam, amar é receber o outro como ele é, não como alguém que poderá ser melhor, mas sim como alguém que é bom tal como é.

Amar supõe humildade, uma grande humildade, uma vez que nunca me posso julgar ser melhor do que ninguém, até porque, na realidade, não o sou.

O que devo então fazer? Dar espaço e tempo para que quem eu amo possa ser quem é. Amar não é impor condições, é o contrário, aceitar sem exigências.

Amando, entregamos ar puro à vida do outro. Amando, lançamos luz sobre as escolhas de quem amamos, não para as censurar, mas para as tentar compreender. E, ainda que não as compreendamos ou que, mesmo compreendendo, não concordemos com elas, jamais o amor nos incentivará a interferir nas opções do outro.

O ser humano concreto é sempre livre. Quem não respeita esta verdade não terá capacidade para amar.

Amar não é admirar tudo no outro, é sim entregar-me a alguém que, tal como eu, vive uma vida autêntica. Com medos, erros e outra forma de escolher os caminhos melhores.

Mas o que posso fazer? Com simplicidade e de forma sincera, expressar a minha perspetiva e as minhas conclusões. Mas também tenho o dever de lhe declarar, vezes e vezes sem conta, o que sinto: o amor, revelando sempre o facto de ele ser incondicional.

Escolher um caminho é escolher as suas consequências. Quem decide amar, e o amor é mesmo uma escolha, consente a existência de um outro, diferente de si, na sua vida. Isso implica muitos desencontros, mas se se respeitarem, então hão de ser felizes. Porque se encontraram um ao outro e a si mesmos.

Dois iguais não se amam. É sempre mau quando se tentam mudar um ao outro, quando lutam para que o outro se torne mais semelhante a si ou, até, quando julgam que amar é instruir o outro. Amar é aceitar alguém, defender e promover o seu ser. Mesmo nas questões em que se diferencia de nós.

Amar é reconhecer a mais profunda dignidade que há em cada ser humano. A sua absoluta originalidade. Somos todos muito parecidos, mas não haverá, em toda a humanidade, duas pessoas iguais. E isso é bom. Faz-nos a todos mais fortes, porque nos podemos entreajudar.

E tudo isto faz quem ama, não para ser amado, mas para ser feliz!

Há uma verdade absoluta no que diz respeito ao amor: A humildade é o preço do céu.

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