Academia da Marinha: «Dizer liberdade é dizer mar, assim como igualdade e fraternidade e dignidade», afirmou D. Rui Valério

Conferência do bispo da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança analisou o tema «A relevância do mar na projeção de valores»

Lisboa, 27 abr 2022 (Ecclesia) – O bispo da Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança de Portugal afirmou numa conferência sobre “A relevância do Mar na projeção de valores” que o mar delineou a construção do Ocidente ao longo dos séculos e é uma afirmação da liberdade.

“Dizer liberdade é dizer mar, assim como igualdade e fraternidade e dignidade. Tudo o mar oferece”, disse D. Rui Valério na comunicação feita na Academia da Marinha, esta terça-feira.

Para o bispo da Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança, o “quadro axiológico fundamental” do Ocidente “foi-se delineando, ao longo dos séculos, pelas experiências que se foram vivendo, as mais relevantes ligadas ao mar”.

“Que o mar nos impele para reconquistar os mundos, sempre novos e sempre fascinantes, do pensamento e da reflexão”, desejou o responsável católico, na Academia de Marinha.

D. Rui Valério explicou que o mar é “o protótipo do paradoxo”, porque, por um lado, “coloca o ser humano em contacto com a finitude” – o perigo de morrer por meio das fadigas e das doenças, as tempestades ameaçadoras, a água salgada, imprópria para matar a sede – e, por outro lado, “é, também, fonte de vida” – desde logo pela capacidade que a própria água tem de ser “geradora de vida e de oferecer alimento”.

“Foi este ponto que fez do mar o elemento mais importante do cristianismo, na medida em que concilia, como nenhum outro, o princípio da vida com um elemento de morte. A morte é princípio de vida. Faz-nos descobrir o ser finito que é o ser humano, mas também nos faz descobrir o infinito da vida”, desenvolveu.

O bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança assinalou que a primeira referência ao mar, “na economia da Bíblia”, surge no início do livro do Génesis, “não para assinalar a alteridade em relação à terra, mas para afirmar que, sobre as suas águas, pairava o espírito”, e, na narrativa deste livro, “o corpo do ser humano foi criado a partir da terra, do barro, e a vida adveio-lhe do sopro divino, do mesmo sopro que pairava sobre as águas”.

Na conferência ‘a relevância do Mar na projeção de valores’, o responsável católico destacou também que o mar é fonte de proximidade, de fraternidade, não só do ser humano com o seu semelhante, “mas também de todas as expressões existenciais”: “Da dor, à alegria; da coragem ao medo; da tristeza à felicidade; do egoísmo à alteridade; da morte à vida”.

D. Rui Valério lembrou que o mar tem a capacidade de “criar laços, de fomentar a fraternidade”, destacou a encíclica ‘Fratelli Tutti’ do Papa, recordando também que Francisco, na primeira viagem que efetuou à Ilha de Lampedusa, no Mar Mediterrâneo, “não cessou de falar de solidariedade, esse outro rosto da fraternidade”.

“E, para ele, a fraternidade – esse valor maior que o mar nos oferece – é um paradigma que permite repensar a política, a economia, as relações internacionais, a sociedade, a ecologia, o diálogo inter-religioso”, concluiu o bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança.

CB/PR

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