A boa política

Paulo Rocha, Agência Ecclesia

Foto Agência ECCLESIA/MC

As Legislativas 2024 acontecem na celebração de meio século da democracia em Portuga. Tempo de desejar a maturidade de um regime conquistado com o suor e com a vida de muitos concidadãos, há cinco décadas; tempo de confrontar horizontes desejados com processos em curso, com percalços de um caminho que se faz caminhando.

Polarização, fragmentação, relativismo são conceitos que se apegam a muitos setores da sociedade, ao agir de cada dia. Também no contexto político, tando no momento de fazer promessas, como na prestação de contas. Uma circunstâncias que envolve o momento histórico atual, marcado pela mediatização, por comunidades digitais desmemorizadas, por projetos mutáveis, metas instáveis. E sobretudo quando a conquista e a manutenção do poder é a primeira referência de quem é líder.

Quer isto dizer que a política deixou de ser essa nobre missão que gere, cuida e garante o bem comum e os recursos da casa de todos? O histórico recente levaria a uma resposta imediatamente negativa… Mas não será a circunstância atual da política, envolvida em casos de justiça, em debates nas ruas e nos media que apenas se preocupam pela perceção a criar, que escondem a verdade, traçam horizontes fictícios, prometem impossibilidades… não será esta ocasião um apelo a dar passos na maturidade, também política, que é necessário conquistar todos os dias? O voto é um passo determinante!

Votar em quê? Sim, votar em quê e não apenas em quem…

O discurso que o Papa Francisco fez no Centro Cultural de Belém, na semana da Jornada Mundial da Juventude oferece uma grelha de leitura para opções a tomar, no momento do voto. E afirma, na elasticidade de opiniões, a robustez de uma “boa política” como a opção.

“A boa política pode fazer muito neste sentido; pode gerar esperança. Com efeito, não é chamada a conservar o poder, mas a dar às pessoas a possibilidade de esperar. É chamada, hoje mais do que nunca, a corrigir os desequilíbrios económicos de um mercado que produz riquezas mas não as distribui, empobrecendo de recursos e de certezas os ânimos. É chamada a voltar a descobrir-se como geradora de vida e de cuidado da criação, a investir com clarividência no futuro, nas famílias e nos filhos, a promover alianças entre gerações, onde não se apague o passado mas se favoreçam os laços entre jovens e idosos. É preciso retomar o diálogo ente jovens e idosos. A isto mesmo faz apelo o sentimento da saudade portuguesa, que exprime nostalgia, desejo de um bem ausente, que só renasce em contacto com as próprias raízes. Os jovens devem encontrar as suas próprias raízes nos idosos. Neste sentido, é importante a educação, que não pode limitar-se a fornecer noções técnicas para se progredir economicamente, mas destina-se a introduzir numa história, transmitir uma tradição, valorizar a necessidade religiosa do homem e favorecer a amizade social”. (Papa Francisco, Centro Cultural de Belém, 2 de agosto de 2024)

Critérios para um voto, no dia 10 de março, e para todos os votos. E para dar passos no caminho da democracia, que se faz caminhando.

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