Promover a EMRC com alegria

Fernando Batista é professor de EMRC em Vagos, Coach, Líder do Riso e Catequista

Fernando Batista, nascido em Carvalhais, a 17 de Setembro de 1972, é professor de EMRC em Vagos, Coach, Líder do Riso e Catequista. Em Jovem fez formação junto dos Missionários Combonianos e dos Salesianos. Licenciou-se em Ciências Religiosas, pela Universidade Católica Portuguesa. É coach de jovens desde 2008, fazendo palestras em escolas e trabalho individualizado com alunos, tendo em vista o êxito integral. Já em 2009 fez a formação internacional de Líder de Yoga do Riso (risoterapia), com o intuito de utilizar esta técnica no âmbito do sucesso escolar. Assina a obra “Sucesso na escola, êxito na vida” (Ed. Salesianas).

Agência ECCLESIA – Como é que começou esta aventura na EMRC?

Fernando Batista – Quando acabei o 12.º ano, fui estudar teologia pelos meus próprios pés, como leigo. Depois de uma experiência nos Salesianos, acabei por decidir que não era por aí e como estava muito ligado aos jovens, à catequese, à pastoral, decidi procurar o meu futuro na Escola, enquanto professor de Moral. Nos primeiros meses foi muito engraçado, porque apesar de ser uma vocação diferente estar na escola com os jovens, ali pagavam-me e na paróquia não, o que eu achava estranho (risos). Ainda hoje me sinto como peixe na água.

AE – Propor a EMRC não deve ser fácil numa realidade que se diz tão distante de Deus…

FB – É um desafio que os alunos aceitam com muita naturalidade, porque eles andam à procura de algo, de referências. Eu procuro dar-lhas e acho que vou conseguindo. Quando fui para a Escola Secundária de Vagos, em 2001, tinha 13% dos alunos, hoje são 82% e é um caminho que vamos fazendo, acredito que para o ano serão 90 e muitos por cento.

AE – A que é que se deve esse aumento no número de alunos?

FB – Passa por apresentarmos propostas, projectos, aulas em que eles sintam que vão aprender alguma coisa. É uma aula completamente diferente, onde os alunos se sentem acolhidos, falando das suas várias dimensões: a família, a sociedade, a religião.

AE – O que é que prepara em casa para as suas aulas?

FB – Pego no programa que há e a partir daí tento colocar-me na posição dos alunos e ver o que é que eu gostava que o professor desse. Sou uma pessoa que faço bastante formação e ali gosto de sentir que alguém preparou alguma coisa para mim, não que é mais do mesmo, ver que a pessoa se preocupa com a minha formação e não apenas em ganhar o seu dinheiro. Com os jovens penso que se passa a mesma coisa.

Além das aulas, há outros projectos, específicos: para o 7.º e 8.º ano há um acantonamento que tem de ser em sítios diferentes; no 9.º ano fazemos actividades radicais, para as conseguir ligar também à sua experiência vivencial, até porque hoje em dia há muitas empresas que fazem actividades de formação no exterior, para ajudar a criar espírito de equipa, etc; com os do Secundário, faço uma viagem de dois dias, mais ou menos formatadas ao longo destes anos, em Portugal ou Espanha, entre cultura religiosa e desporto também: mente sã e corpo são (risos).

AE – Liga muitos elementos diferentes?

FB – Muitas vezes o importante é a forma: se o professor acreditar naquilo que está a transmitir, a sua linguagem física está a dominar e o conteúdo acaba por passar. Se aparecer com um conteúdo muito bom, mas numa linguagem física deprimida ou triste, num tom que não seja atractivo, há qualquer coisa que não bate certo e os alunos detectam a incongruência à distância. Quando há congruência, percebem que por ali há um caminho, que a pessoa sabe o que está a fazer, então seguem-na.

AE – Quais são os maiores desafios que os jovens colocam numa sala de aulas?

FB – Estão relacionadas com questões de ética social, onde tem de haver uma grande abertura da minha parte, o diálogo tem de ser pela positiva. Não posso transmitir ideias pré-feitas, tipo “vender”. Se há possibilidade para explorarmos sem moralismos negativos diversas vertentes, acabam por aceitar outras ideias que não as suas, que muitas vezes são transmitidas de forma incompleta.

AE – Os alunos têm necessidade de levar para as aulas de Moral aquilo de que falam cá fora?

FB – Exactamente. Alguns aparecem com ideias bem vincadas, que eu não tenho a pretensão de mudar, apenas quero mostrar que existem outras formas de pensar. Dei-lhes oportunidade para terem mais conhecimento.

AE – O que é que leva para casa no final de um dia de aulas?

FB – Alegria. Tenho sempre trabalho de manhã à noite – às vezes paro um pouquinho, com o meu filho, quando estou em casa. Centro muita a minha atenção na oração do agradecimento, porque acho que quem agradece ainda vai ter mais coisas, depois.

AE – A alegria é fonte de vida?

FB – O riso caracteriza-me e eu gosto de andar alegre, mesmo. Tudo numa perspectiva de olhar para a nossa vida e para os problemas que aparecem como desafios. Admito que às vezes não é fácil passar essa alegria aos jovens, até porque a mensagem não chega ao mesmo tempo a todos.

SN/OC

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Agência ECCLESIA

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