Escutismo Católico Português – 100 anos de educação não formal

Henrique Matos, Agência ECCLESIA

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Neste dia 27 de maio, estão em Braga 22 mil escuteiros do Corpo Nacional de Escutas (CNE). Vieram de todo o país, para ali assinalar o primeiro centenário do escutismo católico português.

Foi neste dia, mas em 1923, que o Arcebispo de Braga D. Manuel Vieira de Matos e o Monsenhor Avelino Gonçalves, fundaram em Portugal o Corpo de Scouts Católicos Portugueses.

Terá sido um ano antes em Roma, onde participaram no Congresso Eucarístico Internacional, que a imagem de alguns milhares de escuteiros italianos, lhes despertou a intuição de estarem perante uma proposta que a Igreja em Portugal, podia sugerir às crianças, adolescentes e jovens.

Assim foi, e 100 anos depois, o CNE conta com 72 mil membros, articulados em muitos agrupamentos que gravitam sempre em torno de uma comunidade cristã.

O Escutismo Católico Português é hoje a maior associação de juventude no nosso país, mas o que conta é a marca que deixa em cada jovem, a forma como o capacita para a construção de um futuro em que ele sabe que pode e deve fazer a diferença.

O escutismo, que em Portugal se articula entre o CNE e a Associação dos Escoteiros de Portugal é ainda vivido, na sua essência e no feminino, pela Associação Guias de Portugal.

Assente no método idealizado por Baden-Powell, o escutismo quer dotar os jovens de competências e valores que lhes permitam uma cidadania participativa, capacidade de edificar uma sociedade assente em valores e no respeito pela dignidade do ser humano. Neste objetivo, adota uma proposta de educação “não formal”, ou seja, que aposta no “aprender fazendo” por intermédio de atividades concretizadas através do método do projeto e do trabalho em equipa.

O imaginário coletivo, continua a “colar” o escuteiro à ação voluntariosa, ao gosto e à destreza na vida em campo… Sem verdade, a “escola” do escutismo é mais vasta e profunda. É um itinerário educativo que assenta em “oito maravilhas” que caracterizam o método:

A Lei e Promessa, na qual o jovem se compromete e onde encontra uma grelha de valores que enquadram o seu ser e agir perante Deus e a sociedade.

A mística e a simbologia, na riqueza dos imaginários adaptados a cada idade e que são facilitadores da compreensão do mundo. É através delas que o jovem progride na sua formação cristã e experiência da fé.

A vida na natureza, que define o habitat natural do escuteiro por ser aí que a aprendizagem e o crescimento fluem. É na ausência do conforto habitual que o jovem ultrapassa a dificuldade, o inesperado, e nestas pequenas conquistas que não faz sozinho, mas em grupo, adquire resiliência e capacidades que lhe permitem saborear o melhor da natureza e a fraternidade com os seus irmãos escuteiros.

O aprender fazendo, ousando ir mais além, planificando e concretizando com o seu grupo e superando receios que assim, derrubam barreiras e treinam para a vida ativa.

O sistema de patrulhas, porque no escutismo nada se faz sozinho e desde cede se aprende que só crescemos com a participação e ajuda dos outros. A patrulha, é a “pequena família” onde o jovem cresce entre iguais.

O sistema de progresso, que é um conjunto de metas, de horizontes que definem caminho e objetivos a alcançar. Ele valida as aquisições da educação não formal.

A relação educativa, com o dirigente, com o adulto que no escutismo é um indicador e facilitador de caminho. O que zela pelo cumprimento do projeto educativo, para que ele aconteça e produza efeito na vida do jovem.

E por fim, o envolvimento na comunidade. É aí que o escuteiro se enquadra como filho, como cristão, como pai, como elemento transformador e concretizador de Evangelho no mundo.

Estes oito princípios, são o elemento precioso do escutismo que, no caso do escutismo católico, adquirem um horizonte ainda maior no Homem Novo que é Cristo.

Assinalar 100 anos de escutismo católico em Portugal não é olhar o passado, mas ver nele o legado de caminho que permite ir mais longe, lendo os sinais novos dos tempos e respondendo com a novidade do Evangelho que acolhe e integra.

O escutismo católico nunca foi nem nunca será uma “atividade de tempos livres” para entreter. O escutismo é escola de vida, proposta educativa, lugar de transmissão da fé. O escutismo será, para as crianças, adolescentes e jovens, a concretização de uma Igreja que se deseja atenta à circunstância existencial de cada um, que acolhe e convida, para esse caminho comum que todos temos pela frente: Uma vida que queremos com sentido, uma existência plena porque conta com todos.

 

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Agência ECCLESIA

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