Igreja: Bispo de Tete destaca testemunhos de martírio na diocese moçambicana (c/vídeo)

D. Diamantino Antunes, missionário português, consequências das «calamidades naturais» e processo de vacinação no país lusófono

Lisboa, 02 fev 2022 (Ecclesia) – O bispo de Tete, em Moçambique, está a caminho de Roma para “ajudar na documentação final” do processo de canonização dos mártires leigos de Guiúa, adiantando que também está a decorrer o processo de dois missionários Jesuítas.

“É uma causa de martírio em que as testemunhas são leigos, 24; Eram catequistas que estavam em formação no Centro Catequético do Guiúa. Houve um ataque, foram capturados, interrogados e mortos”, explicou D. Diamantino Antunes à Agência ECCLESIA.

O missionário português recordou que este processo começou em 2017, na diocese moçambicana, e, neste momento, está de passagem por Portugal, a caminho de Roma, para “ajudar na documentação final referente ao martírio” destes catequistas e familiares – homens, mulheres e crianças – que foram assassinados a 22 de março de 1992.

No dia 21 de novembro de 2021, a Diocese de Tete abriu um novo processo de canonização, desta vez de dois missionários da Companhia de Jesus (Jesuítas), pela sua “fama de martírio, de santidade”.

O padre Sílvio Alves Moreira, natural de Rio Meão, no Porto, e o padre João de Deus, de Moçambique, foram “barbaramente assassinados, no dia 30 de outubro de 1985”, num contexto “muito difícil da história” do país lusófono, “em plena revolução e plena guerra civil”.

D. Diamantino Antunes contextualiza que os dois padres Jesuítas colocaram-se do lado das pessoas “denunciando os massacres das duas partes em conflito, com uma atitude neutral”, e “nunca deixaram de visitar as comunidades, de administrar os sacramentos”.

A Igreja Católica tem tido um papel importante na denúncia dos males sociais do país, numa atitude construtiva, procura ser voz profética na denúncia mas ao mesmo tempo colaborar para resolver os problemas que afligem a sociedade moçambicana a vários níveis.”

O bispo de Tete também comentou as “calamidades naturais” que têm afetado Moçambique e “são cada vez mais frequentes”, como a tempestade tropical Ana, no final de janeiro, que causou o desabamento de casas e a destruição de diversas infraestruturas, como “escolas, centro de saúde, pontes”.

Já no contexto do processo de vacinação contra a Covid-19, D. Diamantino Antunes afirma que “Moçambique tem problemas de saúde bem mais graves do que a pandemia”, um país onde muitas pessoas morrem “em consequência da malária, diarreia, da sida e outras doenças endémicas”.

“O facto de o país ter um território bastante extenso, as dificuldades de comunicação, de conservação das próprias vacinas, estão retardando o processo. Estamos ainda na primeira dose, sem que toda a população tenha sido vacinada”, acrescentou, assinalando que tem existido “bastante colaboração a nível internacional”, mas, com 30 milhões de habitantes “não chega para todos”.

A Igreja Católica celebra anualmente o Dia Mundial da Vida Consagrada, a 2 de fevereiro, na festa litúrgica da apresentação de Jesus no Templo, a festa de Nossa Senhora das Candeias.

D. Diamantino Antunes pertence ao Instituto Missionário da Consolata e afirma que se sente como quando era sacerdote, antes da ordenação episcopal, que aconteceu a 12 de maio de 2019, em Tete.

“O essencial é aquilo que nos move a doar-nos a Deus e aos outros, essa vocação a servir”, realçou o entrevistado de hoje no Programa ECCLESIA, na RTP2.

HM/CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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