Direitos Humanos: Fundação pontifícia denuncia risco «desaparecimento» do Cristianismo no Médio Oriente (c/vídeo)

Relatório da Ajuda à Igreja que Sofre aponta aumento das violações de liberdade religiosa na Ásia Meridional e Oriental 

Foto: AIS

Lisboa, 23 out 2019 (Ecclesia) – A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) divulgou hoje o seu novo relatório sobre a situação dos cristãos no mundo, ‘Perseguidos e Esquecidos?’, em que alerta para o risco de “desaparecimento” do Cristianismo no Médio Oriente.

O documento, enviado à Agência ECCLESIA, sublinha o “impacto” da perseguição contra comunidades cristãs em países como a Síria ou o Iraque no início desta década, falando mesmo em “período de genocídio”.

“O impacto deste genocídio – continuação dos fluxos migratórios, crises de segurança, pobreza extrema e recuperação lenta – significa que pode ser demasiado tarde para que algumas comunidades cristãs do Médio Oriente recuperem. Nalgumas vilas e cidades, a contagem decrescente para o desaparecimento do Cristianismo parece imparável”, pode ler-se.

A AIS assinala uma “preocupação sem precedentes” da comunidade internacional em relação a esta perseguição, mas considera que “as medidas tomadas até à data poderão não ser suficientes para garantir o futuro da presença da Igreja” nalguns países.

“Os grupos militantes tornaram-se difíceis de controlar, deixando-nos assim num estado de constante tensão, por termos sempre presente que algures, nalgum momento, vai haver outro ataque. Onde e quando, ninguém sabe”, escreve o cardeal Joseph Coutts, arcebispo de Karachi (Paquistão), na introdução do relatório.

 

O documento, relativo ao período de julho de 2017 a julho de 2019, indica que “em todo o mundo, os Cristãos são o alvo preferido de extremistas militantes violentos”, apresentando a Ásia Meridional e Oriental como “a região mais crítica a nível de perseguição”, por causa de uma ameaça em três frentes: “o extremismo islâmico, o nacionalismo populista e dos regimes autoritários”.

A fundação pontifícia acrescenta que “em toda a África, a violência jihadista contra os cristãos se manteve em níveis críticos”.

Eles [Daesh] fizeram-nos coisas muito más. Bateram-nos e violaram-nos. O pior de tudo foram as violações de raparigas com nove anos” (Rita Habib, cristã da Planície de Nínive, no Iraque).

Abrangendo um período de 25 meses, o relatório baseia-se em viagens levadas a cabo por colaboradores da AIS a países “relevantes” pela perseguição contra os cristãos – Índia, Sri Lanka, Mianmar (Birmânia), Egito, Nigéria, Paquistão, República Centro-Africana, China, Filipinas, Iraque ou Síria – e outras partes do mundo que não são reveladas por “questões de segurança”.

“Este relatório mostra, uma e outra vez, no Egipto, no Paquistão e noutras partes do mundo, que as mulheres cristãs são as que mais sofrem, havendo relatos de raptos, conversões forçadas e ataques sexuais”, indica a fundação.

Foto: AIS

Em junho de 2018, o Pew Research Center afirmou que, ao longo de 2016, os cristãos foram alvo de assédio em 144 países.

O relatório da AIS considera “um dado adquirido que atualmente a religião mais perseguida no mundo é o Cristianismo, mesmo que muitas pessoas não tenham consciência disso”.

Em causa estão “ataques diretos e brutais realizados pelo Daesh (ISIS)” no Iraque e na Síria contra os cristãos e os yazidis, ou “formas mais subtis, como por exemplo discriminação, ameaças, extorsão, rapto e conversão forçada, negação de direitos ou restrições à liberdade”.

A AIS apoia mais de 5000 projetos em cerca de 140 países todos os anos, “ajudando os Cristãos a viverem a sua fé onde quer que eles sejam perseguidos, ameaçados ou onde quer que necessitem de ajuda pastoral”.

OC

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Agência ECCLESIA

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