2021: um ano sem agenda, mas com bússola

Paulo Rocha, Agência Ecclesia

O ano 2021 precisa mais de uma bússola do que de uma agenda. A agenda, como nos últimos meses, será para rasurar dias com as palavras “cancelado”, “adiado” ou “suspenso”… A bússola vai permitir descobrir um rumo, o melhor rumo, e segui-lo, independentemente de calamidades ou emergências.

A pandemia relativizou calendários, programações, agendas. Mostrou que o “fazer” é frágil. Frágil e ilusório, conjugado tanto para dizer “fiz um desenho” como “fiz a Costa Vicentina”. E o confinamento levou ao repensar do verbo e dos afazeres com dia e hora marcados, avaliados mais pela aparência mobilizadora e pela perceção de resultados do que pelo poder transformador, nas pessoas e nos grupos, de qualquer instante ou evento.

Com pouco para fazer, os dias foram um convite para ser! Foram um apelo ao essencial, à alma do humano, às motivações que sustentam confinamentos e constrangimentos de uma pandemia.  Como? Cada um cuidando de si e, assim, cuidando de todos.

Na mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco faz um veemente apelo à cultura do cuidado. De novo, porque são recorrentes no atual pontificado, como nos anteriores e sempre que se procura redizer o mandamento essencial do cristianismo, traduzido em parábolas e exemplos ao longo de todos os Evangelhos: ama a Deus e ao próximo como a ti mesmo!

A cada passo, surge a inquietação e a dúvida sobre a forma e a fórmula de o atingir. A primeira resposta rondará a tentativa (ou tentação?) do fazer isto e aquilo, tudo planeado numa qualquer agenda! E raramente se tenta descobrir o rumo, o melhor rumo para o conseguir, seguindo a bússola desse ensinamento milenar que tarda em ser primeira opção.

Ao iniciar um novo ano, o Papa retoma essa proposta e propõe uma bússola norteada por quatro princípios da Doutrina Social da Igreja, que devem preencher os dias de todas as agendas, sobretudo nas atuais circunstâncias: a promoção da dignidade de toda a pessoa humana, a solidariedade com os pobres e indefesos, a solicitude pelo bem comum e a salvaguarda da criação.

A impossibilidade de marcar isto e aquilo para fazer não impede que todas as datas fiquem cativas por quatro princípios que norteiam qualquer evento que nelas recaia. Sem agenda, mas com bússola.

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