Voluntariado missionário, dinâmica solidária

Patrícia Fonseca, da Fundação Fé e Cooperação, saúda entrega dos portugueses em tempo de crise

Lisboa, 10  jul 2013 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação, da Igreja Católica, sustenta que as 1478 pessoas que este ano vão integrar projetos de voluntariado missionário dentro e fora de Portugal são sinónimo de uma “dinâmica de solidariedade” bem enraizada na sociedade.

Em entrevista ao Programa ECCLESIA, que poderá ser acompanhada quinta-feira a partir das 18h00, na RTP2, Patrícia Fonseca destaca o número recorde de 405 jovens e adultos que estão a preparar-se para prestar serviço em países mais desfavorecidos, especialmente no continente africano.

Segundo aquela responsável, num tempo em que Portugal está a viver “uma forte crise”, poderia haver a “tentação” de cada um olhar para aquilo que é seu, “esquecendo que do outro lado do Atlântico vivem pessoas com dificuldades que não são comparáveis, ao nível do sistema de saúde, da educação, das condições de vida”.

As estatísticas da FEC para este ano, respeitantes às 60 organizações que integram a Rede de Voluntariado Missionário, indicam também um aumento significativo do número de pessoas que vão participar em projetos missionários dentro do país – no ano passado eram cerca de 600 e este ano passaram a ser 1073.

O trabalho em território nacional é feito sobretudo junto das comunidades mais isoladas, com os idosos que vivem sozinhos e com as crianças que mesmo nesta altura das férias vão permanecer nas suas aldeias.

Desde que apostou na formação de voluntários missionários, a FEC tem registado um crescimento acentuado no número de participantes.

“Do ano passado para este ano vão mais ou menos os mesmos mas há 5 anos iam cento e poucos, não chegavam aos 200, e há 25 anos foram os primeiros nove”, realça Patrícia Fonseca, indicando ainda que no total, mais de 5 mil pessoas já prestaram serviço integradas em missões portuguesas ligadas à Igreja Católica.

Para Patrícia Fonseca, não é possível “desvincular a ação dos voluntários” da obra realizada pelas “missões católicas, pelos padres e irmãs que estão todos os dias, há muitos anos, 30, 40 anos, no terreno”.

O trabalho dos voluntários é “valorizado” pelas comunidades de missão, “mas mais do que isso é a presença contínua das missões católicas”, salienta. 

Entre os portugueses que vão participar em projetos de voluntariado de longa duração, de um e dois anos, existem vários jovens em idade ativa que pediram licenças sem vencimento ou se desempregaram para partirem em missão.

Por outro lado, boa parte dos voluntários incluídos em projetos de curta duração disponibilizaram as suas férias para o efeito.

Deixar o emprego, especialmente nesta conjuntura negativa, sem garantias, “não deixa de ser uma opção radical”, aponta a coordenadora da Rede de Voluntariado Missionário.

A maior parte dos voluntários missionários deste ano vão trabalhar na área da educação / formação e junto de crianças, em Portugal ou em países em vias de desenvolvimento.

Quando regressam das comunidades de missão e partilham a sua experiência, refere a FEC, estas pessoas dizem quase sempre que receberam muito mais do que deram, do ponto de vista afetivo, emocional, de relação.

“Aprendem outras formas de ser e de estar, valorizam muito mais recursos naturais como a água” e ganham muito mais consciência sobre “o mundo global” em que vivem, refere Patrícia Fonseca.

LS/JCP

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