Vaticano reage à morte de Eluana Englaro

Polémica em torno deste caso deve servir para promover o respeito absoluto pela vida e evitar que o mesmo se repita O director dos serviços de informação do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, reagiu à notícia da morte de Eluana Englaro, defendendo que a mesma deve ser para todos “um motivo de reflexão e de busca responsável das melhores vias para acompanhar com o devido respeito o direito à vida, ao amor e ao cuidado dos mais fracos”. Este responsável acrescentou que a morte de Eluana deixa em todos “uma sombra de tristeza” pelas circunstâncias em que aconteceu. Depois de ter sido transferida para uma clínica em Udine, os médicos deixaram de oferecer alimentação e hidratação a Eluana, passando a administrar apenas sedativos e antiepilépticos à espera que a italiana morresse de sede, algo que aconteceu ao fim de três dias. A morte de Eluana, em coma vegetativo há 17 anos, também foi comentada pelo presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, Cardeal Javier Lozano Barragán, que pediu a Deus que a receba “e que perdoe os que a levaram a esse ponto”. Após ressaltar a necessidade de promover o respeito absoluto pela vida, o Cardeal assinalou que é preciso investigar as causas que levaram a italiana à morte e se houve “responsáveis”, reiterando a sua tese de que a morte de Eluana foi “um crime”, se tiver acontecido graças à “intervenção humana”. No passado Domingo, Bento XVI tinha exortado à tutela das pessoas que “não podem, de alguma forma, tratar de si mesmas, estando dependentes dos cuidados alheios”. Para o Pe. Lombardi, este é um momento de acabar com polémicas, recordando que “diante da morte, o crente recolhe-se em oração e entrega a Deus a alma de Eluano, uma pessoa a quem desejamos o bem e que nos últimos meses se tornou parte da nossa vida”. “Também em nome dela, continuaremos a procurar os caminhos mais eficazes para servir a vida”, concluiu. O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, esteve no passado Sábado ao telefone com o presidente italiano, Giorgio Napolitano, para discutir os últimos desenvolvimentos do caso de Eluana Englaro. O Senado italiano chegou a ser convocado de emergência esta Segunda-feira, para votar uma lei que permitiria ao governo de Silvio Berlusconi impedir a morte de Eluana. A Conferência Episcopal Italiana (CEI) emitiu uma breve nota a respeito da morte de Eluana Englaro, falando num momento de “enorme dor”. Os Bispos lamentam que “as orações e os apelos de tantos homens de boa vontade não tenham sido suficientes para preservar a frágil existência” de Eluana, “que apenas precisava de cuidados amorosos”. Depois de referir a “dignidade da pessoa e o valor inegociável da vida, sobretudo quando está indefesa”, a CEI apela a todos para que “nunca diminua esta paixão pela vida humana, desde a sua concepção ao seu fim natural”. O presidente da CEI, D. Angelo Bagnasco, afirmou hoje que a Itália precisa de uma lei que evite novos casos como o de Eluana Englaro, manifestando “grande dor e perturbação” perante esta morte. O Arcebispo pediu a Deus que ilumine todos “para que a ferida da morte de Eluana seja curada”. Por seu lado, o secretário da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, D. Albert Malcolm Ranjith, já veio a público avisar que quem participou no processo de interrupção do sistema de alimentação que mantinha viva a italiana Eluana Englaro será excomungado. Em declarações ao site “Petrus”, D. Ranjith revelou que a excomunhão se aplica a “políticos, médicos, legisladores e familiares da paciente”. Este responsável lembra a exortação apostólica “Sacramentum Caritatis”, de Bento XVI, na qual se afirma que “quem quiser receber a Eucaristia deve proteger a vida desde o início até ao seu fim natural”. O presidente da Academia Pontifícia para a Vida, D. Rino Fisichella, disse à Rádio Vaticano que o caso de Eluana abriu um grave precedente. “Trata-se de uma morte intencional e acelerada, sem que fosse dado tempo para um juízo por parte do Parlamento”, lamentou, pedindo que esta situação “nunca mais se repita”. FOTO: AFP

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