Respostas à crise pela Cáritas Diocesana da Guarda

Como vamos assistindo através dos meios de comunicação social, a “Crise” de que tanto se fala, tem uma dimensão global, afectando tudo e todos. Pese embora este carácter universal espelhado pelos media, a “crise” afecta, sobretudo, os mais vulneráveis, ou seja, os dependentes de outros, tanto a nível de salários, como a nível de prestações ou subsídios sociais. Tal cenário gera um clima de baixos rendimentos, desemprego, insegurança, mau estar social, enfim, “crise”. Neste contexto, a cidade, o concelho e o distrito da Guarda, não fogem à regra, com o aumento de despedimentos, com o encerramento e falência de empresas, com o incumprimento de obrigações bancárias, com a dificuldade de prover às necessidades familiares, inclusive, mais básicas, com o aumento de situações de insegurança, entre outras. Como tal, as solicitações de ajuda e a procura de algum tipo de apoio na Cáritas têm vindo a sofrer um aumento bastante significativo, sobretudo, desde o passado mês de Novembro. Estamos a referir-nos a pessoas que se caracterizam como sendo: beneficiários do Rendimento Social de Inserção com gastos elevados em saúde e habitação; desempregados sem subsídios ou com subsídios muito diminutos; famílias/indivíduos que recorrem à Segurança Social solicitando ajuda a vários níveis (alojamento/medicação/roupas), sendo depois encaminhados para os serviços da Cáritas; alguns casos de sem-abrigo sem qualquer tipo de apoio; trabalhadores com empregos muito precários e com rendimentos muito baixos, muitas vezes estando só um dos elementos do agregado familiar a trabalhar; frequentadores de cursos de formação com bolsas reduzidas; famílias monoparentais; mulheres em situação de abandono por parte dos companheiros, ficando com todos os encargos (despesas/filhos/dívidas) sob a sua responsabilidade; entre outros. As ajudas que são solicitadas por parte destas pessoas prendem-se, sobretudo, com roupa; alimentação; alojamento; saúde (receitas médicas); e preenchimento e aquisição de documentação. Perante esta realidade que ultrapassa a capacidade da Cáritas como resposta cabalmente satisfatória, os apoios prestados situam-se no âmbito de alguns serviços e valências da Cáritas Diocesana como: o Centro de Apoio à Vida “Nas©er” enquanto valência que se destina a apoiar grávidas adolescentes ou puérperas em situação de dificuldade e respectivas crianças; o Projecto “Crescer.Com”, do Programa para a Inclusão e Desenvolvimento que se destina a apoiar crianças, adolescentes e jovens com dificuldades de vária ordem e respectivas famílias; a Formação prestada dentro do Programa Operacional Potencial Humano relacionada com “Apoio à Família e à Comunidade”, “Criação do Próprio Emprego”, e “Saúde da Pessoa Idosa”; o Projecto “SUBTIL” ligado ao Programa Operacional de Respostas Integradas, do Instituto da Droga e Toxicodependência, como Programa de Redução de Riscos e Minimização de Danos a nível de comportamentos aditivos; o Serviço de Apoio Domiciliário a Idosos como valência de combate á solidão; o Roupeiro da Cáritas Diocesana da Guarda; os alimentos do Banco Alimentar Contra a Fome e do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados; e os Atendimentos Sociais e Psicológicos. A Cáritas Diocesana da Guarda, dentro do seu âmbito diocesano, tendo em conta os grupos Cáritas que tem espalhados pela Diocese (Cáritas paroquial de Aldeia de Joanes, Cáritas paroquial da Conceição – Covilhã, Cáritas paroquial de Malcata, Cáritas paroquial de Gouveia, Cáritas paroquial de Seia, Cáritas paroquial de São Romão e Cáritas paroquial de Vide) sente estas preocupações um pouco por toda a Diocese. Todos os dias chegam à sede da Cáritas Diocesana relatos e pedidos de ajuda, por parte destes grupos locais, relacionados com o aumento de situações de necessidade, pelos motivos referidos. Estamos convencidos que a dimensão do problema obriga a um reforço dos laços de solidariedade entre vizinhos, cidadãos, cristãos e instituições, em ordem à minimização e resolução de situações que podem atentar, de forma diversa, contra a dignidade humana. Além disso, sentimos a necessidade de uma educação para hábitos de consumo saudáveis dirigida aos públicos desfavorecidos e à sociedade em geral, no sentido de uma procura de equilíbrio físico, mental e social. Num contexto de incertezas a vários níveis em que nos encontramos, será ainda oportuno haver grupos de reflexão sobre os valores e a organização social que nos cerca, em prol de novas formas de ser e de estar capazes de tornar as pessoas mais fraternas e felizes. Tais desideratos podem e devem contar com o contributo da Cáritas nas suas variadas instâncias, tendo em conta uma dimensão de assistência que se revela no momento presente incontornável, como uma dimensão de promoção das pessoas e dos respectivos contextos. Talvez se tenham de repensar, pois, múltiplas formas de organização e, sobretudo, talvez se tenham de modificar tantas formas de agir e de reagir que não podem estar à espera de um “talvez”. A começar pela Cáritas… Paulo Neves, SecretárioCáritas Diocesana da Guarda

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