Vaticano: Papa reafirmou desejo de ir à Rússia e à Ucrânia, «servir a causa da paz»

Francisco disse que «nunca passou pela cabeça» renunciar ao pontificado

Cidade do Vaticano, 04 jul 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco reafirmou a vontade de visitar a capital da Rússia e da Ucrânia, respetivamente Moscovo e Kiev, para “servir a causa da paz”, adiantando que pode ser possível realizar estas viagens quando regressar do Canadá.

“Eu gostaria de ir à Ucrânia e queria ir primeiro a Moscovo. Trocamos mensagens sobre isso, porque pensei que se o presidente russo me concedesse uma pequena janela para servir a causa da paz”, disse o Papa numa entrevista à Agência de notícias Reuters, divulgou hoje o portal de informação do Vaticano.

Francisco recordou que existiram contactos entre o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, sobre uma possível viagem a Moscovo, mas os sinais iniciais não eram bons.

No início de maio, o Papa mostrou-se disponível para um encontro com o presidente russo, a fim de abordar a guerra na Ucrânia, mas Moscovo viria a rejeitar esta possibilidade, com o Vaticano a reafirmar a vontade do Papa em deslocar-se à capital russa.

No dia 4 de junho, Francisco assumiu a vontade de visitar a Ucrânia, numa conversa com crianças, no Vaticano, mas disse que tinha de esperar pelo “momento certo”.

“E agora é possível, depois que eu voltar do Canadá, que eu consiga ir à Ucrânia. A primeira coisa a fazer é ir à Rússia, para tentar ajudar de alguma forma, mas eu gostaria de ir às duas capitais”, adiantou, no sábado, à Reuters.

O Papa vai visitar a cidade de Aquila, região italiana dos Abruzos, centro da Itália, a 28 de agosto, 13 anos depois do terramoto; Nesta cidade está enterrado Celestino V, que renunciou ao pontificado a 13 de dezembro de 1294, menos de quatro meses após a sua eleição.

“Todas estas coincidências fizeram alguns pensarem que a mesma ‘liturgia’ ocorreria. Mas isso nunca me passou pela cabeça. Não por enquanto, não por enquanto. Realmente!”, disse Francisco sobre a sua renúncia.

Neste contexto, lembrou que a possibilidade de renunciar é levada em consideração, sobretudo após a escolha de Bento XVI, em 2013, caso a saúde o impossibilite de continuar em seu ministério, mas sobre essa data afirmou: “Não sabemos. Deus dirá”.

No âmbito da saúde, Francisco referiu-se também à viagem à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul, que foi adiada devido aos problemas no joelho; Uma decisão que causou “muito sofrimento”, porque queria promover a paz, mas, este domingo, prometeu visitar os dois países africanos “o mais rápido possível”.

O Papa explicou que sofreu “uma pequena fratura” no joelho, quando deu um passo falso enquanto um ligamento estava inflamado, que está a ser curada, auxiliada pela terapia com laser e magnetes.

“Estou bem, estou melhorando lentamente”, realçou Francisco, que chegou à entrevista apoiado por uma bengala, mas nos últimos tempos andou também e cadeira de rodas.

No encontro que durou cerca de 90 minutos, e que a Agência de notícias Reuters está a disponibilizar por temas, também conversaram do processo Roe vs. Wade, nos EUA, sobre abolição da legalização do aborto.

Seis juízes do Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogaram uma decisão histórica de 1973, denominada de “Roe v Wade”, que dava à mulher o direito de abortar, devolvendo agora essa decisão aos estados.

“Eu pergunto: É legítimo, é justo, eliminar uma vida humana para resolver um problema?”, disse Francisco, referindo que respeitava a decisão, mas não tinha informações suficientes para falar sobre ela de um ponto de vista jurídico, divulga o ‘Vatican News’.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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