Vaticano: Papa desafia a fazer caminho até à JMJ 2023, em Lisboa, com coragem para sonhar e «fazer barulho»

Na solenidade de Cristo-Rei, celebrada com as novas gerações, Francisco diz «obrigado» por tudo o que os jovens fazem na Igreja e na sociedade

Cidade do Vaticano, 21 nov 2021 (Ecclesia) – O Papa convidou hoje os jovens católicos a fazer caminho até Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023, em Lisboa, desafiando-os a “fazer barulho”, mesmo para criticar o que pensam que deve mudar.

“Sede livres, autênticos, sede consciência crítica da sociedade. Não tenhais medo de criticar, precisamos das vossas críticas – muitos de vós criticais, por exemplo, a contaminação ambiental – temos necessidade disto. Sede livres, na crítica”, disse, na homilia da Missa a que presidiu esta manhã na Basílica de São Pedro.

“Façam barulho, porque o vosso barulho é fruto dos vossos sonhos, significa que não quereis viver na noite”, prosseguiu.

No Dia Mundial da Juventude, este ano assinalado a nível local, Francisco realçou a importância de ter jovens capazes de sonhar, apontando para o futuro, “com coragem”, para não se tornarem velhos “antes do tempo”.

“Tende a paixão da verdade, para poderdes dizer com os vossos sonhos: a minha vida não está escravizada às lógicas deste mundo, porque reino com Jesus em prol da justiça, do amor e da paz”, apelou.

O Papa deixou uma série de agradecimentos pelo papel das novas gerações, na Igreja e na sociedade, com o seu “entusiasmo contagiante”.

“Obrigado, por todas as vezes em que sois capazes de realizar os sonhos com coragem, por todas as vezes que não deixais de acreditar na luz, mesmo dentro das noites da vida, por todas as vezes que vos empenhais com paixão em tornar mais belo e humano o nosso mundo”, afirmou.

Obrigado, por todas as vezes que cultivais o sonho da fraternidade, por todas as vezes que tendes a peito as feridas da criação, lutais pela dignidade dos mais frágeis e multiplicais o espírito da solidariedade e da partilha”.

Francisco agradeceu aos jovens que olham para lá dos “lucros do presente” e apontam aos “grandes ideais”.

“Isso ajuda-nos a nós, adultos, e à Igreja. Sim, também como Igreja, precisamos de sonhar, temos necessidade do entusiasmo e do ardor dos jovens para sermos testemunhas de Deus, que é sempre jovem”, assumiu.

A homilia destacou sonhos comuns do Evangelho e da juventude contemporânea, como a “fraternidade, a solidariedade, a justiça, a paz”.

“Não tenhais medo de vos abrir ao encontro com Jesus, que ama os vossos sonhos e vos ajuda a realizá-los”, indicou.

O Papa começou por sublinhar as imagens que a liturgia do dia apresenta a respeito da celebração de Cristo-Rei do Universo.

“Faz-nos bem, queridos jovens, parar a contemplar estas imagens de Jesus, no momento em que iniciamos o caminho para a Jornada Mundial de 2023, em Lisboa”, disse Francisco.

Francisco destacou a importância de conservar a lucidez e a esperança, mesmo nos momentos de maior dificuldade, com esta fé na eternidade.

“A última palavra sobre a nossa existência será de Jesus, não a nossa”, observou.

Foto: Lusa/EPA

O Papa pediu jovens “livres”, sem falsidade na sua vida, para que não se deixem “enganar pelas modas do momento, pelos fogos de artifício deste consumismo que cega e paralisa”.

A Igreja Católica promove este domingo, em todas as dioceses, a sua festa anual com os jovens católicos, o Dia Mundial da Juventude, que se celebra pela primeira vez na solenidade de Cristo-Rei, com o tema ‘Levanta-te! Constituo-te testemunha do que viste’, uma passagem do livro dos Atos dos Apóstolos em que Jesus se dirige ao Apóstolo Paulo (cf. At 26, 16).

“Levanta o olhar, levanta-te, este é o convite, convite que o Senhor nos dirige e que fiz ecoar na Mensagem que vos dediquei a vós, jovens, para acompanhar este ano da caminhada. Trata-se da tarefa mais árdua e fascinante que vos é confiada: permanecer de pé enquanto tudo se parece desmoronar; ser sentinelas que sabem ver a luz na visão noturna; ser construtores no meio das ruínas, e há tantas no mundo, de hoje, tantas”, explicou Francisco.

OC

Na recitação do ângelus, o Papa voltou a assinalar a celebração da Jornada Mundial da Juventude, a nível diocesano, fazendo-se acompanhar por dois jovens de Roma na janela do apartamento pontifício.

“Saúdo de coração os jovens da nossa diocese, desejando que todos os jovens do mundo se sintam parte viva da Igreja, protagonista da sua missão. Obrigado por terdes vindo”, disse.

“Não vos esqueçais que reinar é servir”, acrescentou, convidando os presentes a repetir esta frase.

Nas saudações aos peregrinos, Francisco deixou uma referência particular à presença de um grupo de escuteiros da Arquidiocese de Braga.

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Agência ECCLESIA

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