Vaticano: Papa celebrou centenário do nascimento de São João Paulo II, «um homem da misericórdia» (c/fotos)

Data é assinalada em Lisboa com celebração promovida pelo movimento juvenil «Eu Acredito»

Lisboa, 18 mai 2020 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje a uma Missa junto ao túmulo de São João Paulo II, na Basílica de São Pedro, assinalando o nascimento do santo polaco, que evocou como “um homem da misericórdia”.

“Pensemos em quanto fez para que as pessoas entendessem a misericórdia de Deus. Pensemos como levou por diante a devoção a Santa Maria Faustina”, religiosa polaca que viveu entre 1905 e 1938, disse Francisco, na sua homilia.

João Paulo II determinou, no ano 2000, que o primeiro domingo a seguir à Páscoa, o segundo do Tempo Pascal, se passasse a denominar da “Divina Misericórdia”, no seguimento das indicações redigidas no ‘Diário’ de Santa Maria Faustina Kowalska.

Segundo Francisco, o primeiro Papa polaco da história entendeu que “a justiça de Deus tinha este rosto de misericórdia”.

“Foi homem que queria a justiça, a justiça social, dos povos, a justiça que afasta as guerras. A justiça plena”, acrescentou, numa intervenção improvisada, como é habitual na celebração matutina da Eucaristia a que preside diariamente.

No regresso das celebrações comunitárias da Missa ao Vaticano, o Papa destacou que João Paulo II “percorreu o mundo inteiro procurando o seu povo, tornando-se próximo”.

“Deu-nos exemplo desta proximidade, aos grandes e pequenos, aos de perto e aos de longe”, acrescentou.

Perante algumas dezenas de pessoas reunidas diante do túmulo do santo polaco, num dos altares laterais da Basílica de São Pedro, Francisco destacou três traços de “bom pastor” que se encontram no Papa que o criou cardeal em 2001: “A oração, a proximidade ao povo e o amor à justiça”.

“São João Paulo II era um homem de Deus porque rezava”, apontou.

O Papa mostrou-se impressionado com o tempo de oração de alguém que trabalhava tanto.

“Ele sabia bem que a primeira missão de um bispo é rezar”, observou.

A intervenção começou por sublinhar que, ao longo da história, “o Senhor visitou o seu povo”, enviando profetas, “homens de Deus”.

“Fazendo memória de São João Paulo II, recordemos isto: o Senhor ama o seu povo, o Senhor visitou o seu povo”, disse.

Rezemos-lhe hoje, para que nos dê a todos – especialmente aos pastores da Igreja, mas a todos – a graça da oração, a graça da proximidade e a graça da justiça-misericórdia, misericórdia-justiça”.

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Em Portugal, o Santuário de Fátima une-se ao aniversário e o cardeal-patriarca de Lisboa vai presidir hoje, às 19h00, a uma Missa que assinala os 100 anos do nascimento de Karol Wojtyla.

A celebração será transmitida online pelas páginas Youtube, Facebook e MEO Kanal (210021) do Patriarcado de Lisboa e decorrerá na igreja de Nossa Senhora de Fátima.

Esta iniciativa é organizada pelo ‘Eu Acredito’, um grupo que congrega jovens de várias paróquias, movimentos eclesiais e serviços diocesanos.

“É um convite a que os jovens e famílias rezem em suas casas, estando em comunhão com a Igreja para agradecer a vida e o ministério do Papa Santo”, explica a organização.

Karol Jozef Wojtyla nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de maio de 1920; foi eleito Papa a 16 de outubro de 1978, e morreu no Vaticano, a 2 de abril de 2005; Francisco canonizou-o a 27 de abril de 2014, perante mais de um milhão de pessoas.

Em 1938 foi admitido na Universidade Jagieloniana, onde estudou poesia e drama; durante a II Guerra Mundial (1939-1945) esteve numa mina em Zakrzowek, trabalhou na fábrica Solvay e manteve uma intensa atividade ligada ao teatro, antes de começar clandestinamente a sua formação como seminarista, acolhido pelo cardeal de Cracóvia.

Karol Wojtyla foi ordenado sacerdote em 1946, no dia 23 de setembro de 1958 foi ordenado bispo-auxiliar do administrador apostólico de Cracóvia.

Participou no Concílio Vaticano II, onde colaborou ativamente nas comissões responsáveis pela Constituição Dogmática Lumen Gentium e a Constituição Conciliar Gaudium et Spes; a 13 de janeiro de 1964 assume a sede episcopal de Cracóvia e, dois anos depois, o Papa Paulo VI eleva a diocese a arquidiocese cria Karol Wojtyla cardeal, aos 47 anos, em maio de 1967.

O cardeal Wojtyla foi eleito Papa no dia 15 de outubro de 1978, o primeiro pontífice não-italiano desde 1522.

Na habitual resenha biográfica que é apresentada no calendário dos santos e beatos, João Paulo II é lembrado pela “extraordinária solicitude apostólica, em particular para com as famílias, os jovens e os doentes, o que o levou a realizar numerosas visitas pastorais a todo o mundo”.

“Entre os muitos frutos mais significativos deixados em herança à Igreja, destaca-se o seu riquíssimo Magistério e a promulgação do Catecismo da Igreja Católica e do Código de Direito Canónico para a Igreja latina e oriental”, pode ler-se.

Aos fiéis é proposta ainda uma passagem da homilia de João Paulo II no início do seu pontificado, precisamente a 22 de outubro de 1978, na qual afirmou: “Não tenhais medo! Abri as portas a Cristo!”.

Entre os seus principais documentos, contam-se 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas e 45 cartas apostólicas.

João Paulo II realizou 104 viagens apostólicas fora da Itália, a que se juntam 146 nesse país em 26 anos e meio de pontificado; visitou 129 países diferentes e mais de mil cidades, num total de quase 1300 quilómetros percorridos.

O santo polaco passou por Portugal em 1982, 1991 e 2000 – além de uma escala técnica no Aeroporto de Lisboa (2 de março de 1983), a caminho da América Central.

O Papa emérito Bento XVI e o Papa Francisco assinaram textos por ocasião deste centenário.

OC

Francisco assina o texto de abertura de uma edição especial do jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, dedicada a São João Paulo II, pontífice entre 1978 e 2005 – o terceiro pontificado mais longo na história da Igreja Católica.

“Caros irmãos e irmãos, fazendo memória do centenário do nascimento de São João Paulo II, dirigimo-nos a ele, para pedir a sua intercessão: intercede para que permaneçamos sempre fiéis ao Evangelho; intercede para saibamos escancarar as portas a Cristo”, escreve Francisco.

“Intercede para que, nestes tempos difíceis sejamos testemunhas de alegria e de misericórdia; intercede para que saibamos responder às necessidades dos nossos irmãos que sofrem, reconhecendo no seu rosto o rosto do Senhor. Ajuda-nos com a tua intercessão para que não nos deixem roubar a esperança e a ser homens e mulheres que caminhamos na certeza da fé”, acrescenta.

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