Um Carisma, uma Missão. O Grão de trigo, a Seara…

Irmã Isabel Morgado,Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus

Olhando os inícios da obra hospitaleira – Irmãos de S. João de Deus e Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus – explode com força e notoriedade a inspiração de dois profetas, S. João de Deus e S. Bento Menni. Em épocas diferentes, mas interpelados pelo Espírito de Jesus bom Samaritano da humanidade, eles olham para a realidade do seu tempo ao jeito de Jesus. Entram nessa trajetória de abertura ao seu querer, ao seu projeto: Senhor, que queres de mim? Onde me chamas? Colocam-se nas Suas mãos. E, assim, o Espírito vai iluminando e moldando as suas vidas. Então nessa busca constante da Sua vontade, surgem os projetos hospitaleiros, com uma clara missão: na busca de Deus encontrar sempre o irmão, o mais frágil, o mais necessitado.

Imersos no mundo, a exemplo de Jesus, deixam-se compadecer pelos despojados, os marginalizados do seu tempo. Como o bom samaritano do evangelho (Lc 10, 30-37), não passam ao largo: aproximam-se, acolhem e respondem às necessidades e, com a força do Amor, lançam o projeto hospitaleiro, que até ao presente não tem deixado de crescer.

Cabe hoje a todos os seus seguidores – irmãos, irmãs, colaboradores, leigos hospitaleiros, voluntários –, viver e transmitir o carisma hospitaleiro, deixar que o espírito samaritano de Jesus invada, inspire as nossas realizações. Efetivamente, mudam as formas, os dispositivos assistenciais, mas o alicerce fundante que cria e recria a Obra Hospitaleira é o mesmo: o Amor de Caridade, diz S. Bento Menni.

“Este amor não conhece limites, não sabe dizer basta; este amor quisera voar duma parte a outra e fazer que em toda a redondeza da terra ardesse este divino fogo; e que todas as criaturas sentissem seus divinos benefícios. […] Não foi criatura alguma, mas o impulso misericordioso do Senhor que me moveu.” (Carta 587, de 14.11.1904)

 

Podemos perguntar-nos: o que oferece o carisma hospitaleiro?

Nos diversos dispositivos assistenciais que disponibiliza, nomeadamente no campo da psiquiatria e saúde mental e através de todos os agentes de saúde que dão corpo à missão hospitaleira hoje, oferece-se:

– uma assistência integral à pessoa que procura os nossos cuidados, com o reconhecimento da sua dignidade inviolável e única;

– uma proximidade solidária na escuta, no acolhimento, no respeito pela vida na sua individualidade;

– uma visão positiva e reabilitadora da pessoa, apesar das condicionantes que possam ocorrer ou existir;

– uma espiritualidade facilitadora de sentido, de esperança e sanação.

– uma atitude de melhoria continua a todos os níveis – fazer bem o bem.

No modelo hospitaleiro a pessoa doente ocupa o lugar central da organização. É finalidade dos centros a sua atenção e cuidado. As estruturas, a vida e a ação giram à sua volta. Procuramos estabelecer uma relação humana de serviço, de atenção e de acolhimento libertador.

 

Dialogando um pouco com alguns intervenientes técnicos, estes caracterizam a sua ação através dos seguintes itens:

– Verdadeiro trabalho em equipa(s) multidisciplinar(es);

– Cuidados de saúde humanizados – faz parte da matriz hospitaleira a humanização;

– Foco na ocupação como arma terapêutica no sentido reabilitador – acreditar sempre na reabilitação;

– Cuidados integrais em que a equipa multidisciplinar olha em conjunto para o todo da pessoa e planeia em conjunto os cuidados de que cada pessoa necessita;

– Não há uma standardização de cuidados por diagnóstico. Há um plano terapêutico desenhado para cobrir as necessidades de cada pessoa;

– Possibilidade de juntar aos cuidados clínicos uma abordagem terapêutica espiritual;

– Instalações dignas, tranquilizadoras.

É esta a hospitalidade Vivente!

Irmã Isabel Morgado,
Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus

 

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