Ucrânia: «Portugueses não abandonam as pessoas» – Pavlo Sadokha

Presidente da Associação dos Ucranianos elogia solidariedade nacional e agradece atenção permanente do Papa às vítimas do conflito

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 10 jul 2022 (Ecclesia) – O presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal agradeceu ao país pelo acolhimento que tem oferecido aos que fogem da guerra, mostrando a convicção de que os portugueses vão manter a sua solidariedade.

“Vivendo cá há tantos anos, conhecendo a cultura, os portugueses, sei que eles não abandonam as pessoas. Aproveito para agradecer a cada português por esta força humana, na ajuda aos que ficaram numa situação tão trágica”, diz Pavlo Sadokha, convidado da entrevista conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada a cada domingo.

O responsável mostra-se “muito satisfeito” com a forma como tem decorrido o processo de acolhimento dos refugiados da guerra, em Portugal, desde 24 de fevereiro, início da ofensiva russa.

“Quero agradecer muito aos portugueses, porque mesmo com esta subida de preços de gasóleo e gasolina, com os problemas económicos que agora aparecem em Portugal, não houve desmotivação em ajudar”, indica.

Lembrando que a Ucrânia “quase parou” com esta guerra, Pavlo Sadokha realça que os seus compatriotas pensam, na sua maioria, que “dias melhores virão”.

“Querem regressar ao seu país, construí-lo, ter o direito de reconstruir o seu país, na sua terra”, observa.

O responsável acusa a Rússia de “destruir a economia” ucraniana e de tentar apagar a identidade do país.

Putin está a destruir a Ucrânia. Não se trata apenas de ocupar e tomar o controlo sobre o país, está a destruí-lo, isso é evidente”.

O presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal lamenta a falta de uma resposta mais determinada da comunidade internacional e entende mesmo que, “se a Europa se tivesse mexido mais depressa, se tivesse tomado uma decisão com mais dinâmica, teria sido possível não chegar a tantas vítimas e tanta destruição na Ucrânia”.

Quanto à polémica sobre o acolhimento de refugiados em Setúbal, por uma associação alegadamente pró-Moscovo, o entrevistado disse ter recebido, de líderes das comunidades da Europa, dos Estados Unidos, do Canadá e de Inglaterra, alertas sobre “factos muito parecidos”.

É preciso perceber que Putin já não vai parar. Quanto mais depressa todos os políticos, dos países que querem resolver a situação, perceberem isto, menos vítimas haverá na Ucrânia”.

Foto: Agência ECCLESIA

Pavlo Sadokha realça que a solução, para os ucranianos, é a retirada das tropas russas e voltar às fronteiras de 1991, quando a Ucrânia se tornou independente, mas admite que “ninguém quer ver mais vítimas, mais destruição”.

Quanto a uma eventual visita de Francisco a Kiev e Moscovo, o entrevistado observa que, na Ucrânia, é mal vista a opção do Papa em ir falar com Vladimir Putin, “o mal absoluto”.

“Não percebem como isso possa ajudar e sentem-se, eu sei, até um pouco abandonados, neste sentido”, aponta, assinalando em seguida que “o mundo é mais complexo e as tentativas de diálogo são mais um caminho para que não morram mais pessoas”.

“O que Deus pede, às vezes as pessoas não fazem, mas o papel do Papa é muito importante, na busca de soluções e de paz, nesta situação”, acrescenta.

Para o responsável, Francisco tem sido essencial para que os ucranianos mantenham a sua “força espiritual”, acreditando que é possível “ultrapassar esta tragédia e vencer”.

Octávio Carmo (Ecclesia) e Henrique Cunha (Renascença)

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