UCP/Porto: «Igreja tem de viver da profecia do Evangelho da fraternidade» – D. António Augusto Azevedo

Jornadas deixaram desafio a maior «reflexão teológico-pastoral» por parte do clero

Foto: António Carvalho

Porto, 10 fev 2022 (Ecclesia) – O bispo de Vila Real encerrou hoje as Jornadas de Teologia 2022,  que decorreram em formato online, afirmando que a Igreja tem de viver da “profecia do Evangelho da fraternidade”.

“Quando falamos de fraternidade falamos de profecia, no fundo do Evangelho, continuamos a precisar de manifestar e de ser ouvida nas nossas praças e no âmbito de contexto social; a Igreja tem de viver desta profecia do Evangelho da fraternidade, para ir ao encontro de uma igreja sinodal é importante que a fraternidade vá deixando algum lastro”, afirmou D. António Augusto Azevedo, na iniciativa promovida pelo núcleo do Porto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

O responsável destacou o evento como uma “componente indispensável de formação” e de resposta ao “anseio da humanidade de hoje por novos caminhos de fraternidade”, considerando ainda que no clero existe um “défice de reflexão teológico-pastoral”.

A manhã conclusiva dos trabalhos começou com uma intervenção de Jorge Teixeira da Cunha, docente da UCP, trazendo à reflexão o tema “Políticas de amizade, na Igreja e no Estado”, que considerou “provocatório” mas em que trouxe a “realidade pascal” como momento de viragem.

“Jesus instituiu uma comunidade de amigos, onde toda a vida é possível, não podemos pensar a amizade sem ir a este núcleo interior, acho mto belo o que podemos pensar a partir da Páscoa do Senhor, onde tudo começa e tem origem, onde Deus dá realidade a si mesmo, em que Ele desmascara o mundo velho e dá a viver uma vida nova”, referiu.

O interveniente salientou ainda que o “Cristianismo é o caudal subterrâneo da democracia,  que vai fazendo o seu trabalho na história, mesmo que de forma imperfeita”.

“O Cristianismo inspira a política de hoje confirmando que a política é subsidiária e não originária, ao contrário do que os políticos de hoje dizem, e isso é urgente dizer”, acrescentou.

O docente universitário destacou a encíclica ‘Fratelli Tutti’ (2020), do Papa Francisco, como uma chamada de atenção de temas que eram “subterrâneos”.

A amizade social e a fraternidade eram temas subterrâneos que o Papa Francisco traz ao de cima, chama a atenção para que a vida não se afaste da sua origem, a Igreja não pode conviver com ordenações da vida comum que deixas na valeta da história tantos seres humanos, povos e continentes”.

Já o padre Carlos Maria Antunes, do Mosteiro de Santa Maria do Sobrado, na Galiza, evocou a vida monástica onde se encontra espaço para a amizade social e a fraternidade, através da “escuta e da hospitalidade”.

“Acolhemos pessoas muitas vezes excluídas da própria família e até da própria Igreja, outras que não são capazes de acreditar em Deus porque foram maltratadas… a hospedaria monástica oferece um tempo e lugar de recuperação, oferecemos o que somos e temos, escuta, silêncio e liturgia, vida simples e fulcral, presença empática e fraterna”, explicou.

Na intervenção intitulada “Lugares inóspitos, espaços de encontro”, o monge referiu que “só uma vida que aceita e reconhece as próprias feridas é aberta à relação e experimenta a fraternidade”.

“A fraternidade cresce no espaço da gratidão, do encontro da ferida com o amor incondicional, esse espaço amplia o lugar para o outro, somos ser seres pascais, também em nós, na história de cada um, toda a criação está a ser recapitulada em Cristo”, afirmou.

‘O Reconhecimento da Fraternidade. Fundamentos, Hermenêuticas e Desafios da Fratelli Tutti’ foi o tema das Jornadas de Teologia 2022, organizadas em colaboração com as Dioceses do Porto, Vila Real e Coimbra e a Irmandade dos Clérigos.

SN/OC

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