Sociedade: Guilherme d’Oliveira Martins pede aos jovens para lerem «Pacem in Terris» e Doutrina Social da Igreja

Democracia e construção europeia em debate numa conferência da Comissão Nacional Justiça e Paz, com Eduardo Lourenço e Viriato Soromenho Marques

Lisboa, 23 nov 2013 (Ecclesia) – O presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme de Oliveira Martins, aconselhou hoje as novas gerações a conhecerem a encíclica «Pacem in Terris» (1963), de João XXIII, e a Doutrina Social da Igreja.

“Proximidade, subsidiariedade e responsabilidade cívica são fontes onde os jovens podem redescobrir os valores para gerar mais participação democrática”, disse à Agência ECCLESIA Guilherme d’Oliveira Martins.

Segundo o responsável, a Doutrina Social da Igreja (DSI) tornou-se “mais atual que nunca” e a noção de Estado, que lhe está subjacente, “tem de ser reformada num sentido de maior justiça, equidade e cidadania”.

Cultura da paz, maior igualdade e respeito entre as pessoas são valores apresentados na encíclica «Pacem in Terris», que apresenta uma “visão positiva” sobre a sociedade, diz também o presidente do Tribunal de Contas, lamentando que, “50 anos depois, devido à surdez dos homens, esteja ainda por realizar”.

Falando num debate sobre «Democracia e valores na construção europeia», que decorre hoje na Universidade Católica Portuguesa, o ensaísta Eduardo Lourenço criticou a situação da Europa, continente onde “surgiu a democracia” mas onde conflitos acontecem e “quem domina pode destruir o seu adversário e o mundo”.

“A Europa, criadora de ideia da democracia, que pouco a pouco foi traduzindo esse ideal na História, foi incapaz de integrar ou encontrar, na única tentativa de lhe dar uma constituição ou uma carta, um quadro de valores e referências para construir uma Europa que nunca tinha existido”, observou.

“As raízes judaico-cristãs não agradaram às elites que hoje conduzem esta Europa”, indicou Eduardo Lourenço, sublinhando que a falta de referências que deveriam nortear este continente “não figuram em lado nenhum, daí esta crise”.

“Escusamos de estar muito preocupados com os valores que regeram a nossa vida política nos últimos séculos, porque tudo está posto em causa”, alertou.

Para Eduardo Lourenço as novas gerações vão ser obrigadas a “reinventar uma democracia à altura do mundo” atual.

O professor catedrático de História e Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Viriato Soromenho Marques, afirmou por sua vez que a “única forma de a Europa sobreviver é com um banho de democracia”.

“O que gere a Europa é o pacto orçamental. É aqui que estão todas as regras do jogo e são elas não nos vão deixar sair do protetorado”, afirmou o docente, durante o painel «Democracia e valores na construção europeia».

O “consenso” em vez de “imposição” é o caminho para um “comum acordo dos povos”, afirmado pelo conferencista, que também recordou a «Pacem in Terris».

LS/OC

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