Sociedade: Pacheco Pereira defende «maior exigência na democracia»

Comentador político aponta encíclica «Pacem in Terris» e outros documentos da Igreja como essenciais para ultrapassar atual contexto social

Lisboa, 23 nov 2013 (Ecclesia) – O ex-dirigente social-democrata José Pacheco Pereira afirmou hoje que a reabilitação da política em Portugal passa pela “exigência de maior democracia” e por um “sobressalto cívico”.

“Não poderá haver democracia sem futuro e o problema é que ninguém acredita que poderá haver futuro depois da crise”, afirmou o comentador político durante o debate «Para a reabilitação da política em Portugal», que decorreu este sábado na Universidade Católica Portuguesa.

Pacheco Pereira preconizou a reconstrução da política portuguesa onde as pessoas “sejam claramente consultadas, seja em eleições ou referendos, sem chantagem, “cataclismos” e sem medo.

“Não poderá haver paz se não houve um conjunto de contratos sociais, e é isso que a encíclica «Pacem in Terris» sugere”, afirmou o comentador na conferência promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz.

Identificando-se como “leigo e agnóstico”, Pacheco Pereira afirmou que à luz do contexto que a sociedade atravessa, “a encíclica e outros documentos da Igreja são essenciais”: “Perante uma sociedade desordenada não há reabilitação da política sem a reafirmação e prática clara de que lidamos com pessoas humanas, e que se o seu destino é mau, e é mau para a sociedade e para todos nós”.

Na sua alocução, o comentador dividiu os partidos políticos em dois grupos: os que, herdeiros da Doutrina Social da Igreja, “colocam no centro a dignidade da pessoa humana” e os outros que, enquanto partido laico “coloca no centro a pessoa enquanto cidadão”.

“Mas os partidos já esqueceram os seus programas e a sua génese”, sublinhou e os “atuais dirigentes partidários não têm qualquer ligação com a real e diária situação das pessoas”.

O retorno aos programas e à identidade original permitiria maior “transparência, e a ideia que a participação partidária parte da representação de ideias e interesses, no sentido cívico”.

Pacheco Pereira afirmou que “o sistema partidário não produz ninguém com conhecimento capaz de lidar com a presente situação”.

Para o comentador político, Portugal enfrenta problemas de “incapacidade e impreparação”, de “democracia e permeabilidade aos interesses” com consequências na “instabilidade social”.

“Nenhuma sociedade consegue dar a volta se não tiver dentro de si um grupo dinâmico que é a classe média, enquanto motor de mobilidade social e que, deixando de existir, é geradora de uma crise maior”.

Pacheco Pereira pediu um discurso de Estado Social “autêntico, ou seja, de partilha na comunidade”.

LS

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