Sínodo 2023: D. António Marto fala em momento «crucial» para a Igreja

Cardeal aponta a novo modelo de Igreja, com mais «participação»

Cardeal Sérgio da Rocha (E) e cardeal António Marto (D).
Foto: Lusa

Fátima, 12 out 2021 (Ecclesia) – O cardeal D. António Marto disse hoje em Fátima que o processo sinodal inaugurado pelo Papa é “um momento crucial para a Igreja no mundo”.

“Este processo sinodal marcará, assim o esperamos, uma passagem de um modelo de Igreja clerical, centrada no poder do clero, para um modelo de Igreja sinodal, baseada na corresponsabilidade de todos os fiéis, na sua participação e auscultação”, referiu aos jornalistas, em conferência de imprensa de apresentação da peregrinação internacional de outubro à Cova da Iria.

O bispo de Leiria-Fátima falou de uma caminhada sinodal de “grande relevância”, que se iniciou no Vaticano, entre sábado e domingo, sobre a presidência do Papa.

Segundo o cardeal português, Francisco introduz uma novidade, desenhando um “novo itinerário”, em três etapas, e um “novo método, de escuta uns dos outros e de discernimento comunitário”.

D. António Marto apontou ao desafio de “descobrir novos percursos pastorais” para a missão da Igreja Católica.

Para o responsável, o objetivo do Sínodo é inspirar os católicos a ser “uma Igreja outra, isto é, diferente”, capaz de “envolver todos”, de forma inclusiva, “mulheres, deficientes, refugiados, migrantes, idosos, pobres, ricos, jovens, adultos, todos, batizados” e também pessoas de “boa vontade” que não sejam batizadas.

O cardeal português disse que esta iniciativa foi recebida com “entusiasmo” e também com “focos de resistência”.

“Ninguém pode faltar à chamada que o Papa dirige a todos”, apelou.

A sinodalidade, acrescentou, é uma dimensão da vida da Igreja que não pode ficar na dimensão “institucional”, nos vários organismos paroquiais e diocesanos, e deve superar o “clericalismo”.

“Isto traz novidades a que muitos não estão habituados”, admitiu, sublinhando que existem “receios” e alguma “resistência passiva” aos desafios do Papa.

“Este método sinodal, que penso que ficará para o futuro da Igreja, marca este pontificado”, indicou.

O percurso para a celebração do Sínodo está dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, que dará vida a dois instrumentos de trabalho diferentes distintos, antes da fase definitiva, ao nível mundial.

A assembleia convocada pelo Papa Francisco tem como tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’.

“Todos são convocados para este processo que é essencialmente discernimento”, que deve ser feito em comunidade, na escuta uns dos outros e a partir de “experiências concretas”, afirmou D. António Marto.

Já o padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, destacou a natureza próprio deste espaço de “passagem”.

“O Santuário não fica à margem desta reflexão, pelo contrário, estamos envolvidos numa Igreja local, numa Igreja diocesana”, apontou.

A peregrinação internacional aniversário do 13 de outubro é presidida pelo arcebispo de Salvador da Bahia e primaz do Brasil, cardeal Sérgio da Rocha, para quem esta é uma ocasião “privilegiada” para caminhar juntos, como pede o Papa.

“Aqui já temos um exercício de sinodalidade”, assumiu.

O responsável brasileiro destacou o desenvolvimento da consciência de que todos formam “uma grande família” que habita uma “casa comum”.

PR/OC

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