Cardeal português afirma que há uma «intensificação» da centralidade da Eucaristia e que a «hospitalidade radical» de Jesus é um «mandato»
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Cidade do vaticano, 09 abr 2020 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça afirmou que há uma “intensificação” da centralidade da Eucaristia na vida da Igreja, que lavar os pés dos discípulos é um gesto de “hospitalidade radical” e constitui um mandato para os cristãos.
“Aquele gesto, aquela performance de Jesus, no lavar dos pés aos discípulos é uma forma de hospitalidade radical, expressa pelo amor, mas também é um mandato”, afirmou D. José Tolentino Mendonça no comentário que faz na Agência ECCLESIA em cada dia da Semana Santa.
Referindo-se a Quinta-feira Santa como o dia do “teatro do dom”, o arcebispo madeirense disse que “um cristão outra coisa não é do que alguém disponível para lavar os pés”.
“Nós somos lavadores de pés”, sublinhou, referindo que, no relato do Evangelho onde Jesus decide lavar os pés aos discípulos “as imagens valem por mim palavras”.
“Pedro dá-se conta da assimetria que aquela imagem de Jesus representa. Mas essa assimetria é a imagem do amor”, referiu D. José Tolentino Mendonça.
“Não há amor equivalente, não há amor medida por medida, com os pratos da balança iguais. O amor é sempre desproporcional, é sempre uma forma de excedência”, afirmou
O Cardeal Tolentino Mendonça referiu-se à Eucaristia como um “rito de hospitalidade” e disse que “não é por acaso” que se celebra num altar, numa mesa.
“A mesa é o lugar onde a família se constrói. É o lugar fundamental onde os laços se estreitam. Nós precisamos de sentar à volta de uma mesa porque percebemos que o alimento é verdadeiramente um símbolo, um pretexto, uma expressão, porque nós alimentamo-nos uns dos outros”, afirmou.
Para D. José D. José Tolentino Mendonça, a amamentação de uma criança é um gesto expressivo, porque o bebé “alimenta-se do leite que a mãe lhe dá, mas alimenta-se da mãe, da figura da mãe, do calor da mãe, do amor da mãe”.
O português referiu-se depois à Eucaristia como um “mistério da fé” que tem de ser celebrado “de joelhos”, mas “não é uma excentricidade”.
“Temos chaves antropológicas para perceber, para aderir com todo o coração àquele mistério e perceber que matéria se tornar vida, se tornar alimento, não é uma coisa extravagante”, afirmou.
Para o arcebispo português, o crente católico não pode viver sem a Eucaristia e alimenta-se, no contexto da privação da celebração comunitária da Missa, do “desejo da Eucaristia”.
“O desejo espiritual é uma forma de participação. E o acompanhamento que os cristãos fazem das eucaristias no seu coração é certamente uma forma de ligação”, disse
D. José Tolentino sublinhou que “nada a pode substituir” a Eucaristia porque “é um mistério de presença, encarnado” e que “a carência, vivida como ausência, como privação involuntária, reclama porventura ainda mais dramaticamente a centralidade que a Eucaristia tem na vida da Igreja”.
“As nossas vidas têm de se tornar teatros do dom. Também nós temos de viver de forma eucarística”, sustentou.
“A nossa vida, quando não é dada, morre”, afirmou.
“O pão que fica no saco acaba por tornar-se inútil. É útil quando é colocado sobre a mesa, sobre o palco da vida, e é partido em bocados para alimentar as múltiplas fomes”, acrescentou.
D. José Tolentino Mendonça lembrou “uma multidão de pessoas que diariamente arriscam a sua saúde e em muitos casos a sua vida para colocar o bem do outro em primeiro lugar”, permitindo que fiquem em casa.
“Aqueles que vamos recordar são os que colocam o amor pelos outros em primeiro lugar”, disse o arcebispo português a propósito do isolamento social provocado pela pandemia covid-19.
Esta Sexta-feira da Semana Santa, o cardeal Tolentino Mendonça continua a partilhar mensagens e desafios a Semana Santa, desta vez em torno das “figuras da compaixão” no percurso de Jesus para o Calvário.
PR
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